M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Porque é que usamos o metro, o quilómetro e o milímetro para medir distâncias? É algo a que estamos tão habituados, que, quando se fala em quilómetros de distância, já sabemos mais ou menos, dependendo do trânsito, quanto demoramos a chegar a um sítio. É como se sempre tivessem existido, e no entanto estas unidades de medida são relativamente recentes, no que diz respeito à idade da civilização humana.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O metro é a base da criação de muitas outras unidades de medida semelhantes, como o quilograma ou o litro, que também usam múltiplos de dez. Como temos dez dedos e dez algarismos para representar números, representava o ideal para fazer contagens. Assim, desde os tempos do Renascimento que vários filósofos, como o britânico John Wilkins, propunham criar medições de base 10. Mas foi apenas por razões políticas que estas foram criadas, com a Revolução Francesa.

Os líderes revolucionários quiseram cortar com todos os aspetos da sociedade feudal, mas também trazer alguma ordem para os mais de 250 mil sistemas de medições que existiam dentro do território francês. A criação de um sistema científico de medições também seria benéfico para o prestígio internacional do novo sistema político francês. O primeiro sistema de medida de base 10 foi pensado para substituir o calendário e a passagem do tempo, mas ninguém se habituou aos anos com 10 meses, às semanas com 10 dias, e aos dias com 10 horas. No entanto, criar uma unidade de medida para medir tamanho, com um milionésimo da distância entre o Polo Norte e o Equador, era mais fácil de utilizar. O nome “metro”, baseado no antigo grego para “medida” foi criado em 1791 e a nova unidade de medida foi aprovada dois anos depois.

Uma dúzia de marcos foi espalhada pelas ruas de Paris, para mostrar o “verdadeiro” metro, que logo se descobriu estar errado, devido à curvatura da Terra não ser perfeita. Assim, o metro teve que ser redefinido várias vezes, e em 1889 foi criada a Conferência Geral de Pesos e Medidos, destinada a promover o uso do metro (com o mundo anglófono como principal resistente) e a adotar um sistema internacional, criando uma nova convenção para a medida. Para o público, nada mudou. Várias medidas de base métrica têm sido alvo de constante redefinição para poder usar constantes universais como base das nossas medidas, preservando a sua eficácia.

Em 1960, o Sistema Internacional de Medidas foi adotado internacionalmente e adotado por quase todos os países do mundo (hoje, apenas três se recusam a usá-lo oficialmente), com o metro definido como o comprimento de onda da radiação emitida por um átomo do elemento krypton-86. Finalmente, em 1983, o metro foi formalmente definido como a distância percorrida pela luz no espaço de um 1/299.792.458 de segundo. 299,792,458 m/s é a velocidade exata da luz, e embora este número pareça demasiado complicado, na prática mantém o metro igual ao que todos usamos.

 

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