O Salão de Genebra de 1995 teve no Ferrari F50 a sua principal estrela, com o modelo da marca italiana a recolher a grande parte das atenções, mas noutro local, a rival Lamborghini tinha também um protótipo que deixou muita gente surpreendida, o Calà Concept.
Numa era em que os salões automóveis tinham ainda um papel principal na divulgação das grandes novidades e aos quais nenhuma marca falhava, o certame de 1995 contou com um interessante duelo entre Ferrari e Lamborghini, embora o facto de o F50 da Ferrari ser um modelo final de produção se tenha tornado mais relevante.
Porém, num esforço conjunto da Lamborghini e da Italdesign, o Calà era apresentado como uma possibilidade na direção do design da marca de Sant’Agata Bolognese para o futuro. Entre as surpresas, o estilo compacto com apenas 4,4 metros de comprimento e uma configuração interior 2+2 com a particularidade suplementar de que poderia remover o seu tejadilho para assim adotar uma imagem ‘targa’ (apenas com a parte sobre o habitáculo amovível).
Para desenhar o Calà, Giorgetto Giugiaro inspirou-se nalguns dos modelos icónicos da Lamborghini, como o Miura ou Countach, mas as suas linhas eram muito mais arredondadas. A carroçaria em fibra de carbono estava associada a um chassis composto marioritariamente em alumínio. O tejadilo com duas superfícies de vidro arredondadas eram mais um traço de imagem muito singular, sendo a configuração 2+2 mais apropriada para transportar dois adultos e duas crianças do que quatro adultos. O desenho do interior colocava o condutor como elemento central, com todos os elementos de ajuste direcionados para si. Os bancos da Recaro estavam revestidos numa combinação de couro e camurça.
O motor em posição central traseira era um V10 de 3961 cc com 372 CV às 7200 rpm, fazendo-se a tração ao eixo traseiro.
Contudo, as dificuldades financeiras da ‘Lambo’ naquela data, mudando de mãos por algumas vezes em poucos anos, inviabilizaram a produção deste Calà, que nunca deixou o estatuto de concept. A sua ‘morte’ acabou por ser declarada quando a Audi adquiriu a marca italiana em 1998, passando a integrar a sua tecnologia na Lamborghini.