Mesmo em ano particularmente difícil para a indústria automóvel, não só pelas necessidades de cumprimento de normas de emissões poluentes cada vez mais estritas na União Europeia, mas também pelos efeitos da pandemia de Covid-19, a sua importância volta a ser demonstrada pelos dados mais recentes da ACEA. Portugal surge como um dos mercados onde o peso dos impostos é mais forte nos combustíveis), sendo também um dos que tem o parque rolante mais envelhecido.

O mais recente relatório da indústria automóvel na Europa, apresentado pela Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), que junta os principais fabricantes com produção na Europa, revela o peso da indústria automóvel com quase 13 milhões de veículos automóveis produzidos em 2020 nas 185 unidades existentes no Velho Continente (cinco em Portugal – Autoeuropa em Palmela, Stellantis em Mangualde, Renault em Cacia, Fuso no Tramagal e Toyota/Salvador Caetano em Ovar).

Em virtude das paragens de produção impostas pelas restrições da Covid-19 no ano passado, a produção europeia reduziu-se em cerca de cinco milhões de unidades em comparação com 2019. Na balança comercial entre automóveis importados e exportados, a indústria gera um valor positivo de 76 mil milhões de euros para a União Europeia, uma vez que grande parte dos veículos comprados na UE é aí produzida.

Em termos de empregos, a produção automóvel emprega cerca de 3.5 milhões de pessoas (direta e indiretamente), embora todo o espetro da indústria dê emprego a 12.6 milhões de europeus (6,6% do total de empregos na União Europeia). Em termos fiscais, os 278 milhões de veículos nas estradas são também fonte elevada de rendimento para os Estados: só os 14 maiores mercados da União Europeia obtêm 398.4 mil milhões de receita fiscal combinada.

Em Portugal, a receita fiscal derivada dos automóveis rendeu 9.6 mil milhões de euros, em dados referentes a 2019, à frente de países como Irlanda (6.2 mil milhões de euros), Grécia (8.1 mil milhões de euros) ou Suécia (8.7 milhões de euros). No que diz respeito ao peso dos impostos nos combustíveis, Portugal está no sexto lugar no que à gasolina diz respeito, com cerca de 660€ por cada 1000 litros de gasolina, enquanto no gasóleo está no sétimo lugar, com cerca de 515€ por cada 1000 litros de Diesel. A Hungria é o país com menor peso de impostos nos preços dos combustíveis.

Em termos de matrículas, o ano de 2020 trouxe uma mudança de paradigma nas motorizações, com os automóveis ligeiros de passageiros a gasolina a representarem agora 47,5% do total (contra os 57,8% de 2019) e os Diesel a assumirem 28% das vendas (face aos 31,6% de 2019). Em 2017, os automóveis ligeiros de passageiros representavam 44,4%. Em contraponto, os combustíveis alternativos cresceram de importância: os elétricos representaram 5,4% das vendas em 2020, com os Plug-in híbridos a valerem 5,1% e os híbridos 11,9%.

Já a idade média do parque automóvel nacional (nos ligeiros de passageiros) é de 12,8 anos, de acordo com dados recolhidos de 2019, maior do que a média da União Europeia, que é de 11,5 anos. Piores do que Portugal só os países da Europa Central e de Leste (embora Espanha também apareça com 12,7 anos), como a Croácia (14,6 anos), Roménia (16,5 anos), Eslováquia (14 anos) ou República Checa (14,9 anos).