A ‘startup’ portuguesa Stex quer construir em Portugal a primeira biorrefinaria da Península Ibérica dentro de dois anos, ajudando dessa forma o país a reduzir a sua pegada ambiental decorrente da utilização de combustíveis rodoviários.

Criada em 2019 depois de quatro anos de investigação científica no Brasil, a Stex tem-se dedicado ao desenvolvimento de tecnologias verdes para a produção de biocombustíveis líquidos, prebióticos e proteínas a partir de biomassas residuais ou resíduos em escala industrial. Ou seja, através do aproveitamento dos resíduos florestais, agrícolas e sólidos urbanos, a Stex pretende produzir bioetanol, o qual terá de ser crescentemente incorporado nos combustíveis do setor dos transportes para responder à diretiva europeia ‘Renewable Energy – Recast to 2030 (RED II)’.

É precisamente aos distribuidores de combustíveis que a Stex aponta como potenciais clientes primordiais, uma vez que estes terão de incorporar nos seus produtos um valor de, pelo menos, 0,2% de bioetanol já em 2022, subindo para 1% em 2025 e para 3,5% em 2030. Com a procura por este tipo de biocombustível a aumentar nos próximos anos, a Stex revela que, só na Europa, o potencial de mercado pode chegar a 15 mil milhões de euros. Note-se que a utilização de um biocombustível de resíduos pode reduzir até cerca de 95% as emissões de CO2 em comparação com os exclusivamente fósseis.

A solução da Stex foi agora distinguida com o prémio ‘Born from Knowledge’ (BfK), atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da sétima edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola. O administrador, Lucas Coelho, destaca que a ‘startup’ opera uma planta piloto dentro das instalações da Unidade de Bioenergia e Biorrefinarias do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) coordenado pelo Dr. Francisco Gírio e pretende lançar no espaço de dois anos a primeira biorrefinaria da Península Ibérica.

Dez em dez

Após quatro anos a desenvolver a tecnologia no Brasil, os fundadores decidiram mudar-se para a Europa, onde existe legislação madura para a transição energética e para uma sociedade neutra em carbono até 2050. Em 2019, abriram a Stex, uma empresa 100% portuguesa, e instalaram no campus do Lumiar do LNEG, em Lisboa, a Unidade Piloto que mantinham do outro lado do Atlântico. A unidade está em operação, numa escala de 1:15 a 1:20 da biorrefinaria comercial, sendo uma das maiores da União Europeia e, de longe, a maior da Península Ibérica.

A Stex validou o processo para resíduos florestais (de Portugal), bagaço de azeitona e podas de oliveiras e resíduos sólidos urbanos (RSU) através de uma parceria com o LNEG, estando em busca neste momento, de parceiros para implementar as biorrefinarias em Portugal e na Europa. Nos próximos dois anos, o objetivo é construir em Portugal a primeira biorrefinaria da Península Ibérica, e, em dez anos, ter dez no território ibérico.

A previsão de faturação da Stex para 2020 é de meio milhão de euros, fruto de desenvolvimentos com empresas portuguesas, mas, com o arranque da primeira biorrefinaria e a venda do biocombustível avançado, o volume de negócios poderá ascender a seis milhões de euros.