Ao longo dos tempos, as grandes marcas automóveis recorreram às campanhas publicitárias para promover os seus novos modelos e novas tecnologias, com a televisão a ser um dos meios preferenciais (algo que ainda se mantém hoje, apesar da diversificação trazida pelos novos média). Contudo, alguns dos anúncios televisivos acabaram por ser proibidos ou alvo de queixas por parte de espectadores devido ao seu conteúdo.

Nem sempre a temática de um anúncio automóvel se restringe à demonstração de qualidades técnicas ou estéticas de um veículo. Em muitos casos, as agências publicitárias imaginam cenários, histórias ou conteúdos que procuram reforçar uma ideia em torno de um determinado modelo. No entanto, há casos em que a veia criativa vai um pouco além daquilo que se supõe que são os limites.

Muitos dos anúncios foram banidos da televisão pelo seu conteúdo, nalguns casos com conotações sexuais e noutros com imagens de condução temerária.

Em 2020, um estudo da LeasingOptions fez uma recolha dos anúncios banidos da televisão britânica pela Autoridade da Publicidade (ASA) daquele país e, se a Volkswagen lidera como a marca que mais queixas recebeu (58), a BMW lidera entre a marca com mais anúncios proibidos (com nove), à frente da Vauxhall (com quatro, um deles parcialmente).

Vejamos alguns dos exemplos desses mesmos anúncios que provaram ser demasiado provocantes para a televisão.


A Volkswagen colocou diversas crianças a dizer ‘bollocks’ uma interjeição para ‘bolas’, mas com recurso a uma palavra que também pode ser calão para ‘testículos’. A ASA, no Reino Unido, não gostou e proibiu o anúncio de aparecer na televisão.


Também da Volkswagen, um anúncio que procura demonstrar a robustez do Polo, mas o final do mesmo revela facilmente e sem necessidade de grandes explicações a razão pela qual a ASA determinou a sua proibição.


Uma vez mais… Volkswagen. Neste caso, para promover o eGolf, os criativos imaginaram um mundo no qual a aventura se mantém, mas em que o silêncio também pode fazer parte. Porém, a ASA determinou que o anúncio procedia a uma determinação estereotipada das tarefas de homens e mulheres, pelo que foi também proibido.

E… Volkswagen! Desta feita, na Austrália e com um pequeno detalhe curioso. O anúncio, bastante divertido, retrata um realizador a criar o anúncio para a nova Amarok V6 TDI com diversas cenas de ação, apenas para ser negado nas suas intenções por um regulador presente no local. Provando que a realidade consegue mesmo superar a ficção e apesar de brincar com a situação, parece ter sido premonitório, já que foi mesmo proibido por incentivar a condução irresponsável, de acordo com as autoridades que regulam a publicidade na Austrália.


A Ford também teve anúncios impróprios para visionamento na televisão, como é o caso deste anúncio ao StreetKa, uma versão mais desportiva do citadino Ka e que era apresentado como se se tratasse de um gémeo maléfico. Este anúncio com o pombo foi um dos que foi cancelado na campanha para o StreetKa, sendo o outro um anúncio com um gato que o bom senso aconselha a não partilhar.


Os australianos não são apologistas de excessos e este anúncio recente à gama Yaris da Toyota foi banido por aparentar condução perigosa num dos momentos em que o GR Yaris aparece no ecrã…


Associar a temática animal à dos automóveis nem sempre é pacífico, como se viu com o anúncio do StreetKa, pelo que a Toyota viu-se em apuros em 2015 quando num anúncio para a Nova Zelândia apresentava diversos animais selvagens a deixarem-se caçar (ou pescar) com alegria para assim poderem sentir a potência da nova pick-up Hilux. Resultado? Banido.


Ser-se vilão não foi desculpa para as autoridades britânicas cancelarem o anúncio da Jaguar denominado ‘It’s Good to Be Bad‘ com a participação de conhecidos atores de Hollywood, como Tom Hiddleston, Ben Kingsley e Mark Strong. A culpa foi, uma vez mais, do incitamento à condução irresponsável com o F-Type.

Aproveitando uma ideia tão simples quanto banal em muitos dos filmes de ação ou de suspense, os bancos traseiros já provocaram grandes sustos nas películas, pelo que a ideia da smart com o seu anúncio para o fortwo era demonstrar que os dois lugares eram uma prova de segurança a bordo. A violência no ecrã levou o anúncio a ser cancelado.


Mais uma ideia simples, mas que claramente excedeu os limites de tolerância dos reguladores de publicidade, que não acharam graça à elevada velocidade de um dos veículos deste anúncio (não é o trator…) e à linguagem aplicada.


A Mercedes-Benz também conta com alguns exemplos de anúncios banidos. Neste caso, a aparente banalização e generalização de preconceitos discriminatórios levou ao cancelamento desta publicidade à Classe E nos Estados Unidos da América.


Este anúncio neerlandês da Hyundai ao curioso Veloster, um pequeno coupé desportivo que se demarcava por ter apenas três portas laterais, foi banido inicialmente nos Países Baixos e depois pela própria marca, que o considerou demasiado chocante para os seus próprios padrões.


No caso deste anúncio do Ford Mustang no Reino Unido, bastou um poema para ser banido. Recorrendo ao poema ‘Do not go gentle into that good night‘ (que viria a ser popularizado no filme ‘Interstellar’), a ASA determinou que a repetição da palavra ‘raiva’ (‘rage’, em inglês) incentivava os condutores a libertarem as suas frustrações atrás do volante.