O entusiasmo aumenta quando a ligamos e o som do motor não se parece com nada que seja familiar – durante o ensaio fomos abordados por várias pessoas intrigadas com a estranheza do som da Brutale 800. Até perguntaram se estava avariada ou se tinha peças soltas. É verdade que os motores tricilíndricos da MV Agusta têm uma sonoridade bastante peculiar, mas a estranheza só dura até se prestar atenção à “música” que sai das três ponteiras de escape, que parece ter sido afinada para imitar o de um carro Fórmula 1. A marca consegue assim oferecer de origem uma melodia exclusiva, sem ser preciso instalar um sistema de escape para o efeito.
A semelhança da Brutale 800 com um carro Fórmula 1 não é tanto pela velocidade de ponta, pois estamos a falar de uma moto sem proteção aerodinâmica nenhuma. Será mais pela forma como lá chega. Temos quickshifter bidirecional (acelerador aberto nas subidas de caixa, e fechado nas reduções), e é viciante ouvir o “pop” que sai do escape nas passagens de caixa. Em andamento nota-se a firmeza típica de uma moto concebida para andamentos rápidos, sem se tornar desconfortável. Para definir o ritmo de andamento que nos apetece, temos quatro modos de motor (normal, rain, sport, custom) e oito níveis de controlo de tração. Tudo isto é escolhido no ecrã lcd multifunções, cuja qualidade não está ao nível do resto da moto – sentimos falta de um indicador no nível de combustível e as luzes dos piscas não se percebem. A posição de condução não obriga a que se fique demasiado em cima do depósito, a distância ao guiador é curta e este não nos “massacra” os pulsos, enquanto vai transmitindo-nos toda a informação necessária para sabermos o que se passa na roda da frente com bastante precisão. O que contribui para o excelente tato são também a suspensão e o amortecedor, totalmente ajustáveis e com um desempenho refinado. Em conjunto com o quadro de aço em treliça estão sempre a convidar para explorarmos os nossos limites. É bom saber que para controlar as coisas antes de chegarmos ao limite, podemos contar com a qualidade dos travões Brembo radiais e ABS Bosh de última geração, que atuam também em curva.
A potência do tricilíndrico da Brutale 800 nesta versão base não é um colosso face aos moldes atuais (110cv). Ainda assim, com um peso baixo (175kg) é mais do que suficiente para colocar-nos em apuros na via pública, e toda ela é perfeitamente utilizável se quisermos ir fazer um track day. As motos MV Agusta são sinónimo de exclusividade e a Brutale 800 não é exceção, no entanto, pode ainda reduzir as hipóteses de se cruzar com uma moto igual à sua, escolhendo uma das edições especiais: Brutale 800 RR, Brutale 800 LH44 (fruto da colaboração com o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton), Brutale 800 RR America ou a Brutale 800 RR Pirelli. Todas com um aumento de potência para 140cv, exceto a Brutale 800 RC que tem 150cv e muito provavelmente únicas sempre que decidir sair com aquela que escolheu.
Mais: design, motor, equipamento, exclusividade.
Menos: ecrã multifunções
Motor: Tricilíndrico, refrigeração líquida, 4 tempos, DOHC Cilindrada 798 cc
Potência: 110 cv às 11.500 rpm Binário Máx. 83Nm às 7.600rpm
Embraiagem acionada hidraulicamente
Caixa de 6 velocidades
Suspensão Dianteira WP invertida de 43mm curso 125mm ajustável
Suspensão Traseira Monoamortecedor ajustável SACHS curso 124mm
Travões Dianteiros Disco de 320mm Brembo 4 pistons com ABS Bosch 9M de 2 Canais
Travões Traseiros Disco de 220mm Brembo 2 pistons com ABS Bosch de 2 Canais
Peso total 175 Kg
Capacidade do depósito 16,5 litros
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