Royal Enfield Continental GT 535: Viagem no tempo

06/11/2018

Com mais de um século de existência, a Royal Enfield fez de tudo um pouco antes de se dedicar exclusivamente às motos – quem diria que começou por fabricar componentes para máquinas de costura e armas?

Passou por muitas fases no século XX, e na década de 1970, encerra no Reino Unido. Ironicamente, a marca haveria de ser salva pela filial Enfield India, que desde os anos 50 fabricava para o mercado local. Na Índia a produção nunca parou e a filial foi ganhando autonomia até que na década de 1990 passa a deter legalmente a marca Royal Enfield.

Andar na Continental GT é como fazer uma viagem no tempo. Não há ABS, nem controlo de tração tão comuns nas motos modernas, nem tão pouco existe computador de bordo. Temos direito a um indicador do nível de gasolina digital e arranque elétrico. No entanto, se o saudosismo for muito forte podemos colocá-la a trabalhar com o pedal de “kick start” para uma verdadeira experiência vintage.

O modelo com apenas 250cc é apresentado, pela primeira vez ao público, em 1963, e começa a ser produzida dois anos mais tarde – as café racer parecem então ser mais que uma moda passageira. Entretanto chegamos à história recente da Royal Enfield e, em 2013, a marca apresenta a nova Continental GT, uma homenagem ao modelo da década de 1960. O exemplar que testámos é a versão de 2018 que conta com o maior monocilindro da marca, com 535cc e injeção eletrónica.

Esteticamente está muito bem conseguida, sendo motivo para sermos abordados com frequência por curiosos, julgando tratar-se de uma moto antiga. Já ao andar nela ficamos com a sensação de o estarmos a fazer numa verdadeira moto clássica. As vibrações do motor acima das 2500 rotações são bastante elevadas, ao ponto de tornar impossível conseguir ver alguma coisa nos espelhos. As suspensões cumprem mas a dureza do banco não vai permitir tiradas de muitos quilómetros, e como não há proteção aerodinâmica, a velocidade a que se consegue rolar confortavelmente andará pelos 100 km/h.

Quem compra uma Royal Enfield não está só a comprar uma moto. Passa a fazer parte de uma comunidade com um estilo de vida que replica de certa forma aquele que se vivia nas décadas de 1950 e 60 pelos motociclistas britânicos no início do movimento café racer. A Continental GT 535 tem argumentos suficientes para convencer quem esteja a pensar ingressar no mundo das café racer, ou mesmo quem queira adicionar mais uma bela moto à sua colecção.

Ficha técnica
Motor: Monocilíndrico a quatro tempos com 535cc
Potência: 29,1 Cv
Caixa: 5 velocidades
Suspensões: Forquilha telescópica hidráulica na frente, Amortecedores a gás ajustáveis Paioli.
Travões: Disco de 300mm e pinça de dois pistões Brembo na frente, disco de 240mm e pinça de pistão simples atrás.
Depósito de combustível: 13,5 Litros
Peso: 184 kg
Preço: A partir de 5500€

Mais: estética, consumos, preço.

Menos: vibração, desconforto em viagens mais longas.

O Motor24 agradece à www.royalenfieldlisboa.pt a cedência da Continental GT para este ensaio

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