Yamaha Tracer 9 e Tracer 9 GT: Uma escolha difícil de fazer

15/05/2021

As estradas com a belíssima paisagem italiana da Toscânia foram o cenário escolhido pela Yamaha para a apresentação das novas Tracer 9 e Tracer 9 GT, motos turísticas com ambição desportiva, numa tradução mais ou menos literal da definição em inglês, “sports-tourer motorcycles”. O conceito foi durante muito tempo a adaptação de motos desportivas em algo mais confortável para que fosse tolerável fazer muitos quilómetros em cima delas.

Historicamente, a Yamaha com o seu espírito rebelde foi-nos surpreendendo com motos “fora da caixa”, difíceis de enquadrar numa categoria na altura em que foram lançadas, mas que muitas vezes mostraram um vislumbre do que poderia ser o futuro em duas rodas. Foi o caso de modelos como a TDM 850/900, que na altura não encaixavam em nenhuma categoria existente, mas mostravam que uma moto com uma posição de condução confortável – tanto para o piloto como para o pendura – não tinham de perder o espírito desportivo e divertido.

Em 2015, a marca japonesa lança a MT-09 Tracer, fruto de uma adaptação da endiabrada “naked” MT-09 em algo mais confortável para viajar

Em 2015, a marca japonesa lança a MT-09 Tracer, fruto de uma adaptação da endiabrada “naked” MT-09 em algo mais confortável para viajar. Com um posicionamento mais definido, o seu sucesso dita que, em 2018, siga o seu caminho sozinha, fora da família MT, passando a chamar-se apenas Tracer 900, nascendo ainda nesse ano a irmã GT. Para enfrentar a concorrência, e dando ouvidos às sugestões dos seus clientes, a Yamaha volta a renovar o modelo para 2021, batizando-o apenas Tracer 9 e Tracer 9 GT.

As mudanças são profundas, a começar pelo motor tricilindrico CP3 que vê a sua cilindrada aumentar de 847 cc para 889 cc, mas que apesar da homologação Euro5, está mais leve, com mais binário e produz 119 cv às 10 000 rpm. Está montado num quadro inteiramente novo, também ele mais leve, mas com uma rigidez lateral superior em 50 por cento. O braço oscilante está mais longo, mas mantém a mesma distância entre eixos, o que proporciona mais estabilidade a alta velocidade. Mas, as novidades não se ficam por aí. Também o sistema de escape foi reformulado, perdendo 1,4 kg e a ponteira fica agora debaixo do motor, contribuindo assim para melhorar o centro de gravidade. Nem as jantes foram esquecidas e estão também mais leves graças ao processo de fabrico: ao serem forjadas em rotação permitem obter espessuras mínimas na ordem dos 2 mm nas suas paredes. Contas feitas à dieta e temos a versão normal com um peso pronto a andar de 213 kg, menos 1kg que na versão anterior.

Fugindo ao princípio “one size fits all”, é possível ajustar a posição de condução a um leque alargado de pilotos: podemos fixar a altura do banco em 810 mm ou 825 mm em relação ao chão, avançar ou recuar os pousa-pés horizontalmente e em altura, o guiador também pode ser montado de forma a ficar mais alto e afastado do condutor, e o vidro frontal pode ser ajustado em altura apenas com uma mão.

Se no interior as mudanças são muitas o exterior também foi alvo de melhorias: a moto apresenta agora uma silhueta mais compacta, com novas carenagens, e o design das óticas em LED aproximam a frente das superdesportivas da marca. Uma vez montados na moto é impossível não encontrar semelhanças entre o novo painel de instrumentos TFT, dividido em dois e os olhos do pequeno robô Wall-E do filme de animação da Disney. Quer tenha sido propositado, ou não, pelos engenheiros da Yamaha, ajuda a criar empatia e assim que ligamos a moto os dois ecrãs de 3,5 polegadas cada ganham vida, mostrando toda uma série de informações cuja apresentação pode ser personalizada pelo condutor.

o som da Tracer 9 mantém a característica nota de escape, mas é agora mais pronunciado o som da admissão

Em andamento, o som da Tracer 9 mantém a característica nota de escape, mas é agora mais pronunciado o som da admissão, a 1ª e a 2ª velocidades estão mais longas e o motor apresenta muita disponibilidade logo desde as baixas rotações. Mas, revela uma flexibilidade notável quando se sente tão à vontade a cruzar vias rápidas e estradas nacionais a ritmo elevado, como a circular no trânsito lento da cidade. Ambos os modelos partilham motor, quadro, travagem e a maioria da eletrónica, como é o caso dos quatro modos de condução que vai desde o 1, mais agressivo, até ao 4 em que a potência é reduzida. E ainda o “cérebro” que controla as funções que ajudam a manter a segurança: controlo de tração, controlo de escorregadelas laterais, controlo de levantamento da roda dianteira, ABS em curva e controlo de travagem combinado, que atua ao detetar pressão excessiva na manete ou pedal de travão, tudo personalizável.

Em que diferem então as duas Tracer? A normal vem equipada com suspensões KYB totalmente ajustáveis, mas de forma manual, com uma afinação firme, têm um bom comportamento dinâmico sem serem desconfortáveis. Já na GT sofrem um upgrade para as de topo de gama semi-ativas em que apesar de terem dois modos de funcionamento, “sport” e “comfort”, a sua afinação privilegia sempre mais uma condução descontraída do que desportiva. A versão GT vem ainda equipada com luzes em LED com função automática em curva, malas laterais, punhos aquecidos (em 10 níveis) e sistema de mudanças sem embraiagem “quick shifter” bidirecional. Durante a nossa experiência com as novas Tracer 9 foi difícil eleger uma como a preferida. A Toscânia é capaz de ter sido a culpada, pois, muitas vezes, só apetecia apreciar a paisagem, e para isso, sem dúvida que a escolha era a Tracer 9 GT. Para tudo o resto seria a Tracer 9.

A Yamaha disponibiliza três packs de acessórios para a Tracer 9. Dois podem ser escolhidos com a Tracer 9 GT: Travel Pack e o Travel Pack Pro. O Sport Pack é exclusivo para a versão standard que pode ser configurada com qualquer um dos packs Travel.

Sport Pack: quick-shift (bidirecional), proteção de motor, proteção do depósito,suporte de matrícula.
Travel Pack: malas laterais,vidro mais alto, tomada USB, top case de 50 litros com encosto, banco comfort.
Travel Pack Pro: malas laterais,vidro mais alto, tomada USB, top case de 50 litros com encosto, banco comfort aquecido, banco comfort aquecido para o passageiro, sistema de monitorização da pressão dos pneus, punhos aquecidos, suporte para GPS, descanso lateral mais longo, proteção de radiador, faróis de nevoeiro, proteção de motor.

Ficha técnica
Motor: Refrigeração líquida, 4 tempos, 4 válvulas, 3 cilindros, DOHC Cilindrada: 889cc Potência: 119 cv @ 10,000 rpm Binário: 93 Nm @ 7,000 rpm Embraiagem: Húmida, Multidisco Caixa de Velocidades: Sincronizada, 6 velocidades Quadro: Diamante Suspensão Dianteira / Traseira: Forquilha Telescópica ajustável 130mm de curso (semi-activa na versão GT) / Mono Amortecedor ajustável (semi-activo na GT) Travagem Dianteira / Traseira: hidráulico, dois discos, Ø298 mm / Hidráulico, um disco, Ø245 mm Pneu Dianteiro / Traseiro: 120/70Z R17 M/C (58 W); 180/55Z R17 M/C (73 W) Dimensões Altura do assento: 810 mm – 825 mm Distância entre eixos: 1500 mm Capacidade do depósito: 18L Peso: 213 kg; 220 kg (GT) Preço: a partir de 11.150 euros; 13.850 euros (GT)