Com os consumidores germânicos a revelarem preferência por alguns emblemas não alemães em matéria de elétricos, o governo alemão está a tomar medidas para impedir que a Alemanha fica para trás na transição energética.
Os responsáveis políticos alemães receiam que a Alemanha, que é a casa de marcas como Mercedes-Benz, BMW, Porsche, Opel, Volkswagen ou Audi, possa ficar para trás na mobilidade elétrica, com os próprios germânicos a revelarem preferência por emblemas não alemães.
Exemplo disso é o facto de, na Alemanha, o modelo elétrico mais vendido é o americano Tesla Model Y, que com 38.608 unidades vendidas entre janeiro e setembro é, inclusive, o quinto carro mais popular do ranking das vendas levando em conta todos os tipos de motorizações.
“A indústria automóvel enfrenta a questão de saber se seremos um líder global no futuro”, afirma a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, no recente salão automóvel de Munique, o IAA Mobility. “Para a nossa nação, onde a indústria automóvel representa uma grande parte da criação de valor, esta não é apenas uma questão económica, mas também uma questão de segurança”.
Em setembro, as matrículas de automóveis elétricos na Alemanha caíram 28,6% devido ao fim dos apoios à aquisição por parte de empresas. Por esta razão, a quota de BEV (Veículos Elétricos a Bateria) caiu para 14,1%, quatro pontos abaixo do acumulado do ano após nove meses de 18,1%. Como será o comportamento do mercado corporativo no resto do ano é algo que está a motivar a atenção de marcas e concessionários automóveis e políticos.
Mediante estas questões, o governo alemão quer acelerar a transição energética, pretendendo obrigar os postos de gasolina a instalar pontos de carregamento rápido de pelo menos 150 kW de potência com o objetivo de expandir a rede de carregamento nacional e ajudar a popularizar a mobilidade com emissões zero entre os consumidores.
A nova legislação afetará 80% dos postos de abastecimento do país; ou seja, cerca de 11 mil bombas de gasolina. O objetivo é atingir um milhão de pontos de carregamento públicos até 2030 (número que está, atualmente, em cerca de 90 mil).
Olaf Scholz, chanceler alemão, revela-se confiante, dizendo, todavia, que “a competição deveria estimular-nos, mas não assustar-nos. Na década de 1980, dizia-se que os carros japoneses invadiriam todos os outros mercados. Vinte anos depois, eram os modelos coreanos e hoje os veículos elétricos chineses.”