BMW: Fábrica de Munique vai produzir apenas automóveis elétricos em 2027

28/01/2024

“A mudança está na nossa natureza” – é o lema da centenária marca alemã que já teve de se reinventar diversas vezes ao longo da sua vida.

Começou a construir motos após a Primeira Guerra Mundial, depois da proibição de fabricar motores para aviões, resultante do Tratado de Versalhes (1919). A situação voltaria a repetir-se depois de terminar a Segunda Guerra Mundial, vendo-se obrigada, desta vez, a fabricar bicicletas e até panelas de cozinha.

Na década de 1950 do século XX, a BMW retoma a produção automóvel com o luxuoso 501 e o popular microcarro Isetta, concebido sob licença da marca italiana Isa. Os anos 1960 acabariam por ser determinantes para a fábrica de Munique, na Alemanha, com mais uma readaptação para a introdução da linha Neue Klasse, dando origem ao modelo 02. E uma década mais tarde surgia a série 3, o automóvel da BMW mais bem-sucedido até à data, com mais de um milhão de unidades vendidas.

“Munique é o coração da BMW. Tal como nos anos 60, a Neue Klasse estabelece de novo a fundação a partir de onde a fábrica se vai reinventar. Estamos orgulhosos por levar a fábrica de Munique para um futuro completamente elétrico, a começar com o novo Neue Klasse”, explica Peter Weber, diretor da fábrica de Munique.

A mobilidade elétrica representa um novo desafio para a fábrica onde o inovador elétrico citadino i3 foi projetado em 2013, apesar de ter sido construído em Leipzig. Em 2021, o i4 seria o primeiro automóvel totalmente elétrico a ser produzido em Munique, partilhando a mesma linha de montagem com unidades de combustão.

Atualmente, a fábrica produz cerca de mil carros por dia, dos quais metade tem um sistema de propulsão 100% elétrico. No futuro, a BMW pretende ser uma referência na eletrificação. Aliás, no ano passado, já tinha apresentado o concept Vision Neue Klasse: um elétrico de três volumes (com dimensões aproximadas às da atual série 3) e cuja plataforma terá 30% mais autonomia, suportará carregamento 30% mais rápido e será 25% mais eficiente do que a atual geração de elétricos da marca.

As novas baterias com tecnologia de 800 V virão da fábrica de Debrecen, na Hungria. O início da produção está previsto para 2026 na fábrica de Munique, onde para ganhar espaço, a produção de motores de combustão teve de ser deslocada para Hams Hall, no Reino Unido, e Steyr, na Áustria.

Durante o processo foram criados 2 800 novos postos de trabalho e 1 200 trabalhadores receberam formação para desempenhar outras funções na cadeia de produção. Entretanto, a fábrica está a ser alvo de uma remodelação que contempla a construção de quatro edifícios, áreas de logística, uma linha de montagem e oficina de carroçaria. Para que isso aconteça será feito um investimento de 650 milhões de euros, ainda com o objetivo de acomodar também, em exclusivo, a produção de veículos elétricos em 2027. O que implicará uma transformação do atual modo de funcionamento, para aquilo que a BMW chama de iFactory.

A implementação, que irá abranger as restantes fábricas onde será produzido o Neue Klasse, Shenyang na China e San Luis Potosi no México, contempla uma abordagem holística da interação entre as pessoas, os processos e os sistemas com foco em três áreas: ciência da informação, Inteligência Artificial e virtualização. Na prática, significa que um trabalhador na fábrica pode criar uma aplicação para simplificar um processo, receber formação virtualmente antes de passar para o seu departamento ou verificar o funcionamento da linha de montagem em ambiente virtual, para detetar falhas antes de dar início à produção real. Tudo com o objetivo de maximizar a produção para atingir os 500 carros por turno, no total de dez semanais.