O fim do carro mais barato do mundo

Qual é o carro mais barato do mundo? O Dacia Sandero? O Fiat Panda? Não, mas é um carro que provavelmente não será reconhecido pelo público português. Trata-se do Tata Nano, um modelo pensado para tornar-se o “carro do povo” na Índia, mas que deixa o mercado ao fim de 10 anos, tendo ficado longe do sucesso esperado.

O Tata Nano foi lançado no mercado indiano em 2008, com um preço esperado de 100 mil rupias (com o câmbio da época, cerca de 2250 euros), mas atrasos na produção (causados por protestos de habitantes rurais na zona onde a fábrica foi construída) e uma tendência inicial para os carros se incendiarem levaram ao que o modelo atual custe 225 mil rupias (com o câmbio atual, cerca de 2850 euros).

Para manter o custo baixo, foram eliminados ou reduzidos vários elementos considerados dispensáveis, como espelho retrovisor do lado do passageiro, o número de painéis da carroçaria, o número de porcas das jantes, airbags ou ar condicionado. Como pesava menos de 700 kg em vazio, só tinha um motor de 623 cc, com 33 cv de potência (subindo depois para 38), e caixa manual de quatro velocidades. Mal passava dos 100 km/h de velocidade máxima. A Tata chegou a anunciar que teria quatro estrelas nos testes EuroNCAP, mas foi testado na Alemanha pela ADAC, onde chumbou em todos os aspetos, ficando com zero estrelas.

Apesar do interesse inicial do público, o carro mais barato do mundo foi deixado para trás pela evolução rápida do mercado, em que a classe média não queria carros de aparência barata. O carro foi repensado para compradores jovens, com o Nano Twist e depois com o GenX Nano, ganhando versões com caixa automatizada e com motor preparado para usar gás natural.

Chegou a pensar-se na exportação para a Europa (um protótipo para um Nano Europa foi mostrado no Salão de Genebra de 2009). Mas nunca atingiu a produção esperada de 250 mil unidades anuais, e após 10 anos vai deixar o mercado com pouco mais que este valor nas contas totais.