A Stellantis poderá encerrar fábricas europeias quando os concorrentes chineses se instalarem na Europa. O aviso é de Carlos Tavares, em entrevista a uma publicação francesa.
O líder da Stellantis afirmou que “nada deve ser excluído” e reitera a sua opinião de que “fechar a fronteira aos produtos chineses é uma armadilha”.
A União Europeia votou a entrada em vigor definitiva e por cinco anos de um aumento em 35% nas taxas alfandegárias aos automóveis elétricos produzidos na China, que assim ficam com taxas até 45%.
“Fechar as fronteiras aos produtos chineses é uma armadilha. Eles vão contornar os obstáculos investindo em fábricas que serão parcialmente financiadas por subsídios estatais, em países de baixo custo”, conclui o português que lidera o grupo automóvel.
Os construtores chineses de automóveis, entre os quais a BYD, já anunciaram a abertura de unidades de montagem na Europa. A construção de fábricas para montar automóveis de marcas chinesas é vista por Carlos Tavares como uma ameaça para a Stellantis.
“Nada deve ser excluído. Se os chineses conquistarem 10% da quota de mercado na Europa no final da sua ofensiva, isso significa que produziram 1,5 milhões de automóveis. Isto representa sete fábricas de montagem. Os fabricantes europeus terão então de fechá-las ou transferi-las para os chineses”, alerta.
Carlos Tavares sublinha que “da nossa parte não há motivos para aceitar uma quebra do nosso desempenho, se os chineses produzirem na Europa, mesmo que mantenhamos o nosso ponto de equilíbrio abaixo do limiar de 50% de atividade”.
Em Portugal, a Stellantis detém a fábrica de Mangualde. O Centro de Produção foi a primeira fábrica de montagem de automóveis estabelecida em Portugal, em 1962, tendo já produzido mais de 1,5 milhões de veículos de 24 modelos diferentes.
O Centro de Produção de Mangualde foi recentemente alvo de um investimento de 119 milhões de euros para o adaptar à produção de veículos elétricos.
No início do mês começou a montagem em larga escala de Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Fiat e-Doblò, Opel Combo-e e Peugeot E-Partner e E-Rifter, nas versões de Passageiros e Comerciais Ligeiros, destinados aos mercados doméstico e de exportação.