“É necessário aproveitar todo o potencial da eletrificação”, referem especialistas

02/12/2022

Apesar do seu papel no processo de descarbonização, a eletricidade ainda tem um peso minoritário no consumo de energia em processos como o aquecimento, transporte e construção, aponta análise da Minsait.

Segundo dados destacados pela Minsait, empresa de tecnologias de informação do Grupo Indra, que está a participar no evento Enlit Europe, em Frankfurt, Alemanha, a percentagem da eletricidade no consumo de energia é mínima.

Num país representa entre 20% a 30% do total, em comparação com a utilização predominante de combustíveis fósseis, para assegurar a mobilidade de pessoas, a habitabilidade das casas e a construção de um sistema económico que continua a ser linear.

“Para completar com sucesso o percurso em direção a uma economia circular, é necessário aproveitar todo o potencial da eletrificação”, defende a Minsait.

“A integração de uma maior percentagem de tecnologias renováveis variáveis, como a eólica e a energia solar (fotovoltaica), é essencial para descarbonizar o setor elétrico e continuar a satisfazer a crescente procura de energia”, diz Maurizio Di Stefano, Diretor de Energia & Utilities da Minsait, uma empresa da Indra.

A Minsait reforça a ixdeia de que quanto mais redes estiverem interligadas, maior variabilidade terão as fontes de energia, mas maior também será a necessidade de sistemas inteligentes, para assegurar o seu desempenho, fiabilidade e segurança.

“UMA REDE MAIS INTELIGENTE E DIGITALIZADA”, DIZ DI STEFANO, “PODE MELHORAR O FLUXO DE FONTES COMO A EÓLICA E A ENERGIA SOLAR”.

Serão transmitidos dados em tempo real sobre quanto, quando e onde a eletricidade está disponível e será capaz de prever as necessidades de consumo e de se adaptar a elas”.

“A transição energética, através da eletrificação, não está isenta de custos materiais. O veículo híbrido plug-in é mais eficiente, mas, requer seis vezes mais inputs minerais do que o carro convencional. Enquanto uma central eólica terrestre requer nove vezes mais recursos do que uma central, com a mesma capacidade, alimentada a gás. As necessidades na fonte são maiores, mas, em troca, a geração de energia não polui e permite substituir uma economia linear e o seu elevado custo ambiental, por uma economia circular baseada no consumo eficiente, com menor impacto na saúde do planeta”, aponta a Minsait.

Abandonar fósseis

Esta transição para uma energia limpa “implica passar de um sistema extensivo baseado em combustíveis fósseis para um sistema intensivo sustentado por minerais, transferindo a utilização de hidrocarbonetos em motores de combustão, caldeiras ou maquinaria convencional e aumentando a utilização de lítio, cobalto e terras raras (REE) para o fabrico de baterias, pás eólicas ou conversores”.

Em todo o caso, durante a fase de adaptação, terá de ser encontrado um equilíbrio entre o crescimento e o bem comum. De acordo com Mario Di Stefano, “um PIB global crescente necessita de mais disponibilidade de energia, mas é pouco provável que as energias renováveis, por si só, sejam capazes de garantir este sonho de recursos baratos em quantidade suficiente, devido à necessidade de abundância de metal e petróleo para a transição”.

Do mesmo modo, “devemos assumir”, conclui o Diretor de Energia & Utilities da Minsait, “que a sobriedade energética terá de desempenhar um papel muito maior, à espera de uma redução do crescimento económico desenfreado. O desafio será desenvolver novos empregos num mundo de menor consumo, mais relocalizado e baseado em reparar e reciclar”.