José Coelho, Diretor de Gestão de Frota, CTT, Manuel Nunes, CEO, Siemens Mobility Portugal, Hugo Luzia, Gestor de Produto Volvo Trucks, Auto Sueco Portugal . Moderador: Jorge Flores, Editor, Motor24 (Créditos: André Luís Alves/Global Media) (André Luís Alves / Global Imagens)
A dificuldade em carregar autocarros e pesados de mercadorias em locais públicos poderá ser um entrave à eletrificação destas frotas. Hugo Luzia, gestor de produto da Volvo Trucks, diz que ainda “não houve linhas de financiamento para pesados, o que está a atrasar a introdução destas tecnologias no mercado”.

As empresas têm metas ambiciosas para eletrificarem as suas frotas até 2030, mas a falta de postos de carregamento, principalmente para viagens de longo curso, poderá atrasar o processo de modernização.

José Coelho, diretor de Gestão de Frota dos CTT, alertou, num dos últimos painéis desta edição do Mobi Summit, para o facto de “não existirem hubs de carregamento” e serem “muito poucos os locais de carregamento público em que não há taxamento por tempo, ou seja, que o veículo pode ficar toda a noite a carregar”.

“Nas frotas profissionais existe uma lacuna. Até 2025, temos o objetivo de ter 50% da frota eletrificada e, até 2030, 100%, e há uma grande parte que conseguimos fazer e queremos continuar, mas não temos carregamento interno. O desafio é como vamos efetuá-lo dado ser uma frota de uso intensivo laboral”, explicou.

Hugo Luzia, gestor de produto da Volvo Trucks, também considerou que este é um dos “principais desafios”. “Temos 5000 postos de carregamento para veículos ligeiros. Apesar de serem tecnologicamente compatíveis (com os pesados), não posso lá parar um camião, porque ocupo demasiado espaço e vou ocupar o posto durante demasiado tempo para conseguir fazer o carregamento que necessito”, exemplificou, acrescentando que “o tema do carregamento é mesmo um entrave para as operações de longo curso”.

O gestor de produto da Volvo Trucks lembrou que “houve muitas linhas de financiamento para autocarros elétricos de passageiros, mas não tivemos nenhum para pesados de mercadorias, o que está a levar a que se demore mais um bocadinho a introduzir estas tecnologias no mercado”. “Outro desafio é o custo destas soluções para as empresas de transportes”, salientou.

Os oradores do painel “Eletrificação de frotas de longo curso, comboios H2 e distribuição urbana last-mile”, que decorreu no palco 1 da Mobi Summit, sugeriram algumas alternativas para este que consideram ser um dos problemas mais críticos à eletrificação das frotas.

Para José Coelho uma possível solução poderia passar por carregar os veículos nos centros comerciais, uma vez que “durante a noite estão totalmente livres”. Hugo Luzia acredita que esta poderá passar por “os carregamentos de veículos pesados serem feitos na casa do cliente”.

Os oradores partilharam ainda a vontade das empresas em apostarem em veículos movidos a hidrogénio, um mercado que, apesar de ainda estar no início, garantem não estar parado. Manuel Nunes, CEO da Siemens Mobility Portugal, disse que “há vantagens sérias do hidrogénio em casos específicos”, tendo a Siemens já recebido algumas encomendas.

“Tivemos uma (encomenda) de sete veículos para Berlim. Os custos de engenharia são significativos, todos os fabricantes olham para frotas de maior dimensão. Esta aposta nesta solução mais pequena é uma prova de que a Siemens está mesmo empenhada em desenvolver estas soluções porque são e vão ser cada vez mais pedidas no mercado”, acredita.

A Volvo também já está a pensar em soluções de veículos movidos a hidrogénio. “Não posso parar duas ou três horas num ponto de carregamento rápido para ligeiro, mas que não é rápido para pesado, porque isto vai limitar muito o meu horário. É aqui que entrará o hidrogénio, ambicionamos ter 1000 quilómetros de autonomia com abastecimento de 15 minutos para operações de médio e longo curso”, revelou Hugo Luzia.

Outras metas da empresa da fabricante de automóveis é “a redução de 50% das emissões de CO2 das viaturas até 2030 e de 100% em 2040”.

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