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Lamborghini Miura P400 S: A génese do supercarro

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Desenhado por Marcello Gandini – com claras influências do trabalho do seu mestre Giorgetto Giugiaro – é considerado por muitos como o mais belo automóvel alguma vez desenhado. No entanto, muito do fascínio em torno do Miura deve-se ao que não se vê. É o automóvel que criou o conceito de superdesportivo, ao concentrar uma quantidade de atributos técnicos extraordinários, elaborados e aperfeiçoados por um grupo de homens fora de série.

Foi o primeiro automóvel de estrada a usar um V12 de dupla árvore de cames em posição central, montado transversalmente, algo que não seria repetido por nenhum outro construtor. Uma solução que permitia uma boa distribuição de peso e excelente motricidade. Internamente, o projecto era conhecido apenas como P400: P de “posteriore” e 400 como referência à capacidade do motor, de 4000cc.

O nome Miura, ainda que envolto em muita mitologia acerca da ganadaria de Don Eduardo Miura, terá sido sugerido pelos estúdios Bertone. O modelo foi apresentado no salão de Turim de 1965, ainda sem carroçaria e o exotismo das soluções técnicas foi o suficiente para garantir as primeiras encomendas, que cresceriam exponencialmente a partir do salão de Genebra, em que foi apresentado o protótipo funcional.

Todos queriam ter um Miura e, ao longo dos anos, sucederam-se os proprietários famosos: Frank Sinatra, Miles Davis, Xá do Irão, Aristotles Onassis, René Arnoux, Gianfranco Innocenti, Rod Stewart, Elton John, Van Halen foram alguns dos nomes, a que se juntariam, décadas mais tarde, Nicolas Cage, Jay Kay, Jean Todt e o próprio Dallara. A procura acima das expectativas e a juventude da Lamborghini, criaram alguns problemas na produção, com as primeiras dezenas de unidades a acusarem fragilidades ao nível do acabamento e fiabilidade. Só na derradeira versão SV (representada na colecção permanente do Museu do Caramulo) é que o modelo atingiu a maturidade de desenvolvimento.

O P400 S, versão a que pertence o exemplar exposto, foi de todas a produzida em menor número (140 unidades de um total de, alegadamente, 765). A mais significativa e invisível melhoria face ao P400 é a o aumento da espessura do aço em 0,1 milímetros, o que, a somar a vários reforços da plataforma, viria a criar uma rigidez estrutural essencial para a dinâmica do Miura. A suspensão traseira recebeu melhorias para evitar o afundamento em aceleração e a ventilação dos travões seria igualmente melhorada.

O motor do S tinha câmaras de combustão redesenhadas, árvores de cames com mais levantamento, assim como maiores carburadores e colectores mais largos, o que resultava numa potência real em torno dos 370cv às 7500rpm.

Este automóvel pode ser visto na exposição “Lamborghini: 60 anos a cortar o vento“, patente no Museu do Caramulo, podendo ser visitada até ao dia 17 de Setembro, todos os dias, entre as 10:00 e 18:00.

POR HUGO REIS

Fotografias: Joel Araújo