Mobilidade suave com bicicletas ou trotinetes com cada vez mais adesão

26/03/2023

Mais de metade dos condutores portugueses usam os automóveis exclusivamente em áreas urbanas, mas, de acordo com o Observador Cetelem, 48% complementam já o uso do automóvel com modos de mobilidade suave, como trotinete ou bicicleta, mas também transportes públicos.

O automóvel continua a ser um dos principais meios de transporte para as deslocações dos portugueses, porém existem outros modos de mobilidade a ganhar terreno no nosso país. De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, os condutores portugueses percorrem 13.250 quilómetros de carro por ano – um valor próximo da média dos 18 países estudados (13.600 km).

De acordo com este levantamento, mais de metade dos condutores portugueses utilizam os automóveis exclusivamente em áreas urbanas (58%), tornando Portugal no país europeu com mais utilizadores nas cidades.

Segundo este estudo, cerca de 34% dos portugueses acabam por utilizar as viaturas tanto em áreas urbanas como rurais. Apenas 8% utilizam o veículo exclusivamente em áreas rurais. Segundo a informação dos Censos divulgada recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), tal tenderá a acontecer porque há atualmente mais portugueses a trabalharem num município diferente daquele em que residem, sendo o automóvel em muitos casos o meio mais rápido para as deslocações casa-trabalho.

Nos países europeus estudados pelo Observador Cetelem, a tendência é, no entanto, a de uma utilização mais equilibrada entre as zonas urbanas e zonas rurais (51%), em especial nos países de dimensão reduzida, sendo este o caso dos holandeses (68%) e belgas (60%).
Já na utilização exclusivamente urbana, destacam-se nações fora do continente europeu com grandes territórios e também numerosas megacidades, especialmente o Brasil e a China, onde a utilização do automóvel é predominante (88% e 80%).

Apesar do automóvel se manter no centro das deslocações dos portugueses, a verdade é que 38% dos portugueses inquiridos pelo Observador Cetelem Automóvel 2023 revelam estar a utilizar este modo de transporte com menos frequência do que no passado.

Este facto poderá estar relacionado com o aumento dos custos de utilização dos automóveis, em especial os ocorridos no último ano devido à inflação, com 52% dos condutores portugueses a considerar que o custo de utilização dos veículos é elevado e muitos começaram a abdicar da sua utilização.

Mobilidade com bicicletas e trotinetes ganham terreno nas cidades

Os portugueses começam a recorrer a outras formas de mobilidade, especialmente dentro das cidades. Assim, enquanto 44% dos condutores portugueses não prescindem de utilizar as suas viaturas nas viagens diárias, quase metade (48%) complementa a utilização do seu carro com modos de mobilidade suave – como trotinete ou bicicleta, mas também com transportes coletivos rodoviários e ferroviários.

O fenómeno de cada vez mais adesão à mobilidade suave, além do aumento dos custos da utilização do automóvel, pode também ser justificado pela crescente criação de condições para o aumento deste tipo de mobilidade, como uma maior aposta em ciclovias nas cidades, e pela crescente preocupação dos cidadãos com a sustentabilidade e os incentivos realizados no passado para a compra de bicicletas, refere o Observador.

Com quase uma em cada duas pessoas a utilizarem uma bicicleta, uma trotinete ou um veículo motorizado de duas rodas, a mobilidade suave mostra-se assim como uma alternativa que se revela cada vez mais atrativa, sobretudo, nos países europeus. É o caso dos Países Baixos, onde 85% dos entrevistados afirmaram ter introduzido os modos de mobilidade suave nas suas vidas, podendo falar-se de uma atitude social generalizada em todo o país. Em Portugal, 32% dos inquiridos dizem que hoje utilizam mais estes meios face ao passado.

“Há ainda que ter em conta que os aumentos destas tipologias de mobilidade apenas se verificam nas cidades, em especial para distâncias curtas. Para quem vive fora dos maiores centros urbanos do país, e precisa de fazer longas distâncias, os automóveis são essenciais em 56% dos casos, comparativamente a apenas 35% para os residentes nas cidades, que podem optar pelos modos de mobilidade suave e transportes públicos”, diz o Observador Cetelem.