O automóvel continua a ser um dos principais meios de transporte para as deslocações dos portugueses, porém existem outros modos de mobilidade a ganhar terreno no nosso país. De acordo com o Observador Cetelem Automóvel 2023, os condutores portugueses percorrem 13.250 quilómetros de carro por ano – um valor próximo da média dos 18 países estudados (13.600 km).
De acordo com este levantamento, mais de metade dos condutores portugueses utilizam os automóveis exclusivamente em áreas urbanas (58%), tornando Portugal no país europeu com mais utilizadores nas cidades.
Segundo este estudo, cerca de 34% dos portugueses acabam por utilizar as viaturas tanto em áreas urbanas como rurais. Apenas 8% utilizam o veículo exclusivamente em áreas rurais. Segundo a informação dos Censos divulgada recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), tal tenderá a acontecer porque há atualmente mais portugueses a trabalharem num município diferente daquele em que residem, sendo o automóvel em muitos casos o meio mais rápido para as deslocações casa-trabalho.
Apesar do automóvel se manter no centro das deslocações dos portugueses, a verdade é que 38% dos portugueses inquiridos pelo Observador Cetelem Automóvel 2023 revelam estar a utilizar este modo de transporte com menos frequência do que no passado.Nos países europeus estudados pelo Observador Cetelem, a tendência é, no entanto, a de uma utilização mais equilibrada entre as zonas urbanas e zonas rurais (51%), em especial nos países de dimensão reduzida, sendo este o caso dos holandeses (68%) e belgas (60%).
Já na utilização exclusivamente urbana, destacam-se nações fora do continente europeu com grandes territórios e também numerosas megacidades, especialmente o Brasil e a China, onde a utilização do automóvel é predominante (88% e 80%).
Este facto poderá estar relacionado com o aumento dos custos de utilização dos automóveis, em especial os ocorridos no último ano devido à inflação, com 52% dos condutores portugueses a considerar que o custo de utilização dos veículos é elevado e muitos começaram a abdicar da sua utilização.
Mobilidade com bicicletas e trotinetes ganham terreno nas cidades
Os portugueses começam a recorrer a outras formas de mobilidade, especialmente dentro das cidades. Assim, enquanto 44% dos condutores portugueses não prescindem de utilizar as suas viaturas nas viagens diárias, quase metade (48%) complementa a utilização do seu carro com modos de mobilidade suave – como trotinete ou bicicleta, mas também com transportes coletivos rodoviários e ferroviários.
O fenómeno de cada vez mais adesão à mobilidade suave, além do aumento dos custos da utilização do automóvel, pode também ser justificado pela crescente criação de condições para o aumento deste tipo de mobilidade, como uma maior aposta em ciclovias nas cidades, e pela crescente preocupação dos cidadãos com a sustentabilidade e os incentivos realizados no passado para a compra de bicicletas, refere o Observador.
Com quase uma em cada duas pessoas a utilizarem uma bicicleta, uma trotinete ou um veículo motorizado de duas rodas, a mobilidade suave mostra-se assim como uma alternativa que se revela cada vez mais atrativa, sobretudo, nos países europeus. É o caso dos Países Baixos, onde 85% dos entrevistados afirmaram ter introduzido os modos de mobilidade suave nas suas vidas, podendo falar-se de uma atitude social generalizada em todo o país. Em Portugal, 32% dos inquiridos dizem que hoje utilizam mais estes meios face ao passado.