O perfil do comprador de automóveis está a mudar aos poucos. A procura tem caído imenso e os mais jovens começam a perde o interesse pela aquisição
O comprador de automóveis, hoje em dia, é uma espécie em vias de extinção? A expressão será um pouco exagerada. Mas a verdade é que são cada vez menos as pessoas a fazer este investimento. E estão, pouco a pouco, a mudar o seu rosto. O seu perfil.
Com a crise económica europeia, as vendas de veículos caíram muito. Os mercados, esses, não mais recuperaram.
Entre 2008 e 2013, sobretudo, a proporção dos que compraram um automóvel, novo ou usado, reduziu-se em quase metade, para 6,1%, tendo crescido apenas 3% desde 2014. Da mesma forma, o gasto real das famílias destinadas à compra de veículos ainda ronda os 30%, valor abaixo do máximo do período pré-crise. Tudo de acordo com um estudo recente da BBVA Research.
Questão demográfica
Por outro lado, a intenção de compra é maior em lares apoiados por homens, divorciados e estrangeiros. O mesmo estudo refere ainda que os residentes em municípios com mais de 100.000 habitantes são menos propensos a adquirir um veículo do que aqueles que vivem em locais de baixa densidade populacional.
Tal facto sugere que os cidadãos das grandes cidades apostam cada vez mais na utilização de transportes públicos, e, especialmente, em novas formas de mobilidade, como a partilha de veículos.
Dado relevante é que, desde 2014, ter emprego já não é uma condição decisiva para a compra de um veículo. Mais. Foram os desempregados aqueles que aumentaram seu interesse na compra, apontando o estudo que esta poderá ser uma tentativa de valorização no mercado laboral.
Jovens distantes
O estudo do BBVA Research refere que, desde a década de 2000, o tipo de comprador não mudou muito, mas algumas tendências são evidentes. Por exemplo, os mais jovens estão a perder, gradualmente, o interesse pelos automóveis. Comparando duas famílias, tendo como a única variação a idade, verificava-se que uma família liderada por uma pessoa com menos de 35 anos multiplicava a intenção de compra por quatro vezes mais, em relação a uma família cujo responsável fosse uma pessoa com mais de 74 anos. Isto durante os anos 2006, 2007. No entanto, desde 2008, as diferenças entre as idades diminuíram: as famílias mais jovens têm agora (apenas) três vezes mais probabilidades de comprar um veículo do que as sustentadas por um homem de 74 anos.
Um resultado que não constituirá uma surpresa, atendendo a que os mais jovens têm mudado os seus hábitos de consumo e gozam de uma predisposição maior em relação às novas formas de mobilidade existentes.