“Os veículos elétricos são os novos premium”, afirma Nuno Mendonça, diretor-geral da Audi Portugal

07/03/2023

Marca deixará de vender veículos equipados com motor de combustão, no nosso país, antes de 2030. Uma promessa feita no Audi Vision Portugal, evento onde mostrou as propostas 100% elétricas Q8 e-tron e A6 Avant e-tron concept.

 

“As vendas da Audi em Portugal serão 100% elétricas até 2030”. A garantia de que, no mercado nacional, a marca antecipará em cinco anos as obrigações europeias foi dada por Nuno Mendonça, diretor-geral da marca no nosso país, no Audi Vision Portugal. Um evento realizado no Convento do Beato, em Lisboa, e que juntou outros dois nomes de peso da marca alemã: Fermin Soneira, vice-presidente de Produto e-tron da Audi AG, e Jens Puttfarcken, vice-presidente de Vendas da Europa da Audi AG, para debater o futuro da mobilidade sustentável – leia-se elétrica – da marca e para revelar dois dos veículos que fazem parte da nova gama de 100% elétricos – o Q8 e-tron (já disponível) e o A6 Avant e-tron concept, este último a lançar em 2024, numa versão “muito próxima da apresentada”.

Audi é premium, premium é elétrico…

Será esta antecipação um risco comercial? Esta foi a questão mais ouvida durante o evento. E, para responder que “não”, a marca socorreu-se não apenas dos números de vendas de veículos elétricos em Portugal, como da sua própria história de 120 anos, recordando a herança do engenheiro alemão August Horch (1868 – 1951), fundador das empresas Horsch e Audi, cuja palavra deriva do latim “ouvir”. Segundo Nuno Mendonça, “ouvir” o mercado e os clientes foi precisamente o que a marca fez antes de tomar esta decisão. Por esse motivo, não se mostra preocupado. “Sei que quando os nossos concessionários ligam, a maior parte das vezes, é a pedir viaturas elétricas e não com motores de combustão. E, portanto, tenho um bom feeling que os nossos concessionários vão gostar deste plano”, afirma.

Uma transição elétrica mais rápida do que a concorrência é, garante, “uma mais-valia”. E explica: “Sabemos os desafios do pós-venda e dos serviços, mas também sabemos que temos aqui uma grande oportunidade. É mudar para o premium. Queremos vender a clientes que são fiéis à marca e também aos serviços. A mudança para elétrico não significa uma redução na nossa atividade de pós-venda, até porque o cliente tem toda a vantagem em continuar a acompanhar a marca por mais anos. Os oito anos de garantia das baterias, só por si, chama os clientes às nossas oficinas”, sublinha Nuno Mendonça.

Os números das vendas da marca ajudam ao raciocínio. Face a 2021, a Audi aumentou as vendas no ano de 2022 em 1% na Europa e 8% em Portugal (3.466 unidades vendidas em 2021 e 3.750 em 2022). No conjunto de todas as vendas de veículos elétricos Audi, houve um aumento significativo na Europa (45%) e, neste ponto, Portugal destaca-se com 49%, o que levou a marca a atingir uma quota de 5% no mercado dos elétricos. Atualmente, o peso de clientes Audi que procuram modelos 100% elétricos representa já mais de 30% das vendas da marca em Portugal. Resultados que permitem à Audi ocupar o top 3 das vendas de marcas premium no mercado nacional.

Sobre os custos de acesso aos veículos elétricos, Nuno Mendonça admite que o “preço de entrada é mais alto do que o de um modelo equipado com motor de combustão”. Mas este é mais um trunfo. “Para a Audi, enquanto marca premium, acaba por ser uma vantagem. O peso das marcas premium no mercado de elétricos é muito superior ao dos veículos de combustão”. E vais mais longe: “Nos veículos de combustão, o preço médio de entrada de uma gama standard é cerca de metade de uma marca premium. Quando falamos de um elétrico, essa diferença não é de 100%, mas de 50%. Ou seja, as marcas premium têm um preço muito mais próximo dos elétricos. O que faz com que exista uma (sobre)tendência para um mercado premium que tem um peso maior nesse segmento. Com um pequeno esforço financeiro, consegue-se uma marca premium. O novo premium é ter um elétrico”, afirma o responsável da Audi.

Duas propostas 100% elétricas

Prova desta determinação é que a Audi prepara-se para lançar apenas novos veículos com acionamento 100% elétrico no mercado a partir de 2026. E tem duas novidades de peso neste segmento 100% elétrico.

A primeira destas propostas, é o Q8 e-tron. Um SUV elétrico topo de gama que marca pontos pelo seu conceito de propulsão otimizado, aerodinâmica melhorada, desempenho de carregamento superior e de capacidade de bateria, além de uma autonomia aumentada até 582 km na versão SUV (ciclo WLTP) e até 600 km na versão Sportback (WLTP). O exterior renovado na dianteira confere ao novo SUV topo de gama um visual mais moderno.

A segunda aposta, surgirá em meados de 2024. Trata-se da primeira Avant 100% elétrica e que tem como base a nova plataforma tecnológica PPE (Premium Platform Electric). Com uma autonomia elétrica de mais de 700 km e capaz de carregar de 5% a 80% em 20 minutos, este protótipo oferece um design fluido e exibe uma postura desportiva, cumprindo o arranque dos 0 aos 100 km/h em menos de quatro segundos