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PME também têm de entrar no mundo da sustentabilidade

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As PME, de um modo geral, até agora, têm estado “fora” do mundo “complexo” dos indicadores de sustentabilidade, “situação que importa corrigir progressivamente”, assinala António Robalo de Almeida, CEO da Lisbon Economics & Business Group.

O 29º Fórum AICEP das Comunicações Lusófonas 2022, que teve lugar em São Tomé e Príncipe, colocou o tema da sustentabilidade no centro das diferentes intervenções que foram efetuadas, olhando para a aplicação do tema nas empresas.

António Nogueira Leite, Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Ponto Verde, António Robalo de Almeida, CEO da Lisbon Economics & Business Group, Ana Pinhal, Brand and Comms Freelance Strategist, e Luís Neves, CEO da GeSI (Iniciativa para a Sustentabilidade Global) foram quatro dos oradores que salientaram que a sustentabilidade não pode ser uma moda e tem de estar no centro das atitudes das empresas, incluindo PME, sob pena das firmas verem o seu negócio afetado e do aquecimento global não conseguir ser travado.

Consumidores pressionam organizações

Assim, António Nogueira Leite, Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Ponto Verde, foi um dos oradores, tendo destacado o facto dos consumidores já estarem a pressionar as organizações para se destacarem no domínio da sustentabilidade, sob pena de ficarem para trás. Para o responsável da sociedade Ponto Verde, cada vez mais, os consumidores querem que as organizações que lhes prestam serviços ou lhes fornecem bens se concentrem em questões sustentáveis. “E esta pressão não vem só de fora, mas também dentro, dos empregados e até dos potenciais colaboradores”, referiu.

A capacidade de atrair e reter talento, especialmente entre as gerações mais novas, está cada vez mais ligada ao desempenho de uma organização no que diz respeito à sustentabilidade.

Outro aspeto salientado: as organizações devem abraçar o produto como um serviço como parte de uma atualização dos seus modelos de negócio e, em muitos casos, a inclusão de fatores ambientais no processo de tomada de decisão resulta numa redefinição desses mesmos modelos, os quais devem caracterizar-se por uma redução do impacto ambiental em todas as suas cadeias de abastecimento.

Equilíbrio entre objetivos de sustentabilidade

Noutro painel António Robalo de Almeida, CEO da Lisbon Economics & Business Group, referiu que se tem assistido a um maior mediatismo de alguns objetivos em termos de sustentabilidade (caso da redução do carbono) face a outros, “comprometendo o desejável equilíbrio e harmonia entre os vários objetivos, variando a sua importância relativa consoante a geografia e o estádio de desenvolvimento de cada país”, disse.

O CEO da Lisbon Economics & Business Group salientou, por seu lado, que os indicadores padecem de um conjunto de problemas, que vão desde um número infindável de índices; falhas de transparência nos dados utilizados e reportados; falta de comparabilidade entre factos, métricas e indicadores reportados e, ainda, complexidade das fórmulas de cálculo que dificultam a sua compreensão pela generalidade das pessoas.

“Assim, o número de indicadores deve ser reduzido, estes devem ser mais claros, mais concisos, mais fáceis de recolher e devendo-se evitar a sua sobreposição”, concluindo que “as pequenas e médias empresas, de um modo geral, até agora, têm estado ‘fora’ deste mundo complexo dos indicadores, situação que importa corrigir progressivamente”.

“Não pode ser uma moda”

Ana Pinhal, Brand and Comms Freelance Strategist, também participou neste fórum, declarando que a sustentabilidade não pode ser uma moda. Tem de começar na reestruturação do negócio, fazer parte da cultura das organizações, materializar-se em produtos e serviços e só depois ser usada no marketing.

“Para que a sustentabilidade seja uma mais-valia para a marca de uma organização, tem de ser validada e apoiada pelos seus Colaboradores e ter o reconhecimento dos consumidores e da sociedade”, referiu a especialista, e “para não se cair no greenwashing e socialwashing, a sustentabilidade tem de partir da ação para depois ser incorporada na comunicação”, disse.

Luís Neves, CEO da GeSI (Iniciativa para a Sustentabilidade Global), frisou que o mundo está numa corrida contra o tempo para cumprir as metas urgentes estabelecidas pela ONU através dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, não sendo nenhum mais importante do que reverter o potencial devastador de um aumento de temperatura acima de 1,5°C, identificado pelo Acordo Climático de Paris.

Segundo ele, “a ameaça climática e a urgência de uma resposta necessária adequada representam uma grande oportunidade, do ponto de vista económico e social e ambiental, de uma transformação para o digital e para uma economia de baixo carbono que cria enormes oportunidades, com novos modelos de negócio, crescimento económico e criação de novos empregos, assegurando a sustentabilidade do planeta”.