A ‘armada’ portuguesa desembarcou no Peru com grandes expectativas e muita ambição para aquela que será a edição de 2019 do rali todo-o-terreno mais duro do mundo, o Dakar. Será nas motos que os portugueses terão a sua maior representação, com as atenções a centrarem-se nas prestações de Paulo Gonçalves (Honda), Mário Patrão (KTM), António Maio (KTM) e Joaquim Rodrigues (Hero). Mas os outros pilotos esperam também a sua oportunidade para brilhar.

Serão 19 os portugueses a competirem no Dakar 2019, que este ano terá como particularidade o facto de decorrer unicamente em solo peruano, uma alteração significativa face a anos anteriores e que colocará um novo desafio aos pilotos, uma vez que alguns dos troços serão repetidos, com a natural degradação do piso a poder ser decisiva.

Entre os participantes, o nome de Paulo Gonçalves é naturalmente um dos mais chamativos, com o piloto da Honda a ser reconhecidamente um dos mais velozes, mas a sua condição física – foi operado recentemente – pode significar uma dificuldade adicional àquela que se espera dos troços.

Gonçalves está ainda a recuperar dos efeitos de uma queda (e respetiva cirurgia) sofrida há cerca de um mês, considerando que a sua presença no Dakar 2019 é, por si só, uma vitória. “Tive um acidente há quatro semanas com uma rutura no baço [como consequência], pelo que foi preciso recorrer a uma cirurgia. Não estava certo de poder recuperar a tempo para estar aqui, mas acabei por recuperar bem. Ontem, andei na moto para um ‘checkdown’ e senti-me bem, sem dores. Agora, sei que não estou tão forte como antes, mas vou tentar começar a prova de forma cuidadosa e tentar ver o que consigo fazer dia a dia. É uma vitória para mim estar à partida”, referiu Gonçalves ao site oficial do Dakar.

Na Honda há ainda mais alguns portugueses, mas do lado de fora. Para ajudar nas suas perspetivas, a marca contratou dois antigos pilotos para ajudarem com a sua experiência e sabedoria nestas provas, Rúben Faria e Hélder Rodrigues. Este último, ele próprio uma figura de anteriores edições do Dakar, recordou em análise prestada ao site oficial que “as ambições da Honda foram sempre enterradas por pequenos erros. Isso inclui erros de corrida ou de navegação na rota, bem como pontos fracos na estrutura da equipa, pelo que quiseram colocar os pontos em todos os ‘i’ e riscar todos os ‘t'”.

Patrão e cia. na ambicão

Para Mário Patrão, a participação no Dakar 2019 pressupõe um enorme desafio pela sua integração na estrutura oficial da KTM, conferindo-lhe assim meios que até aqui lhe eram inatingíveis. Votado numa boa prestação, mas também cauteloso pela natureza peculiar da prova – sobretudo, num ano em que haverá muita areia -, Patrão terá como missão ajudar a KTM a sair vitoriosa, com Sam Sunderland e Toby Price na lista de prioridades. Mas não descarta a obtenção de um lugar entre os primeiros.

Entre os lugares da frente poderá também andar Joaquim Rodrigues, que aos comandos de uma Hero irá procurar brilhar nesta prova, mesmo que a grave lesão sofrida numa queda nesta mesma prova no ano passado ainda esteja na sua memória. Sem medo, porém, Rodrigues parte bastante motivado. Também a prestação de António Maio deverá suscitar atenção, uma vez que este GNR tem evidenciado grande competitividade em solo nacional, pelo que é de esperar que tenha credenciais suficientes para efetuar uma boa prova.

Sem ambicionarem aos primeiros lugares, os outros pilotos portugueses têm igualmente naturais expectativas de realizarem uma boa prova. Serão os casos de Fausto Mota, David Megre, Sebastian Bühler, Hugo Lopes e Miguel Caetano, este último com a particularidade de enfrentar a prova sem uma equipa de assistência. Vale-lhe a ambição de cumprir um sonho.

Nos Autos, longe da fartura doutros tempos, o destaque vai para Pedro Mello Breyner, que estará aos comandos de um Yamaha UTV, contando-se ainda com a presença da dupla Bruno Afonso Martins/Rui Ferreira, a bordo de um Can-Am X3 UTV). No lugar do navegador do MINI de Boris Garafulic estará também o já experiente Filipe Palmeiro. Nos SSV, a presença garantida de Miguel Jordão/Lourival Roldan (Can-Am Maverick) e de Ricardo Porém/Jorge Monteiro (Can-Am Maverick) havendo também a curiosidade de ver como se comporta esta última dupla atendendo ao historial de Porém. Por fim, nos camiões, Paulo Fiúza será navegador no MAN de Alberto Herreno e José Martins estará a bordo de um DAF.