Lembra-se do “velho” Scénic, lançado em 1991? Esqueça. Em 2024 haverá um novo Scénic. Mas entre o monovolume que pasmou o mundo há 31 anos e o concept-car que chegará às linhas de produção em 2024, agora revelado pela Renault, em Paris, apenas a vontade de romper conceitos e alargar segmentos sobrevive.
O Vision não aparece por acaso como apelido deste protótipo. Serve para recordar que a marca francesa há muito que procura ver mais longe. E que será através deste olhar que desenvolverá a tecnologia para os seus futuros modelos elétricos. Neste caso, um SUV que contará com um sistema de propulsão híbrido, combinando um motor elétrico com pilha de combustível, prova de que o hidrogénio sempre terá uma palavra a dizer na indústria.
Na apresentação internacional, a Renault promoveu esta viagem ao passado. Ou este regresso ao futuro, se assim entendermos. Num espaço contíguo à sala da conferência, onde se encontrava o concept-car, os jornalistas foram recebidos pelo primeiro exemplar do modelo, para poderem recordar como era a inovação há três décadas.
70% de materiais recicladosO Scénic Vision é parte (bastante) ativa dos compromissos da Renault em matéria de mobilidade sustentável. Segundo os responsáveis da marca, o concept-car incorpora 70% de materiais reciclados, dos quais 95% são recicláveis, inclusivamente, a própria bateria.
Ainda existem muitas dúvidas em relação ao Scénic Vision. Mas o protótipo dado a ver à comunicação social goza de grande impacto visual. Por fora e por dentro – e a marca francesa não costuma afastar-se muito da estética dos concept-cars quando avança para a fase de produção.
Na frente, exibe superfícies esculpidas que convergem num fluxo dinâmico, realçada por uma espetacular sequência de boas-vindas durante a qual o capot dá lugar a animações em forma de diamante que ganham vida na grelha dianteira, antes de se erguerem em torno do novo logótipo “Nouvel ”R” da Renault. Para abrir as portas, basta um toque no logótipo tátil da Renault. De resto, as portas de abertura chamada “suicida”, combinadas com a ausência de pilar B, permitem um fácil acesso ao interior.
Por dentro, a sensação é que entrámos numa antecâmara do futuro – bastante iluminada, por sinal, graças ao enorme tejadilho e diversos painéis e materiais refletores. O cockpit e os bancos afastam-se, de modo a dar aos passageiros e ao condutor a máxima liberdade de movimentos, regressando, depois, à posição inicial, adaptada à morfologia de cada utilizador. O assento do condutor é mais desportivo do que os restantes que primam pelo conforto para facilitar a sua concentração na estrada. Já o volante, tem a forma de um comando de jogos.
Os materiais utilizados foram escolhidos com critério… ambiental A carroçaria recorre ao alumínio, aço e fibra de carbono totalmente reciclados. E as peças do cockpit são feitas de alumínio 100% reciclado e com acabamentos e pigmentos em bruto para reduzir o tempo de fabrico e favorecer um aspeto mais natural. O acabamento em bruto, com as marcas de fabrico ainda visíveis, dá ao aspeto geral uma aparência “estranhamente” requintada.
Eletricidade e hidrogénio
Para animar o Scénic Vision, a Renault escolheu o melhor de dois mundos. O motor elétrico de rotor síncrono, de 160 kW, que deriva, diretamente, do novo Mégane E-Tech Eletric. A bateria, de 40 kWh, pode ser reciclada e será fabricada, a partir de 2024, em França, na ElectriCity Gigafactory, sendo “mais leve e menos cara do que a utilizada por um veículo elétrico equivalente”, garantem os responsáveis da marca francesa.