Regresso ao futuro à boleia do visionário Renault Scénic

28/05/2022

Scénic Vision assinalará o regresso de um nome forte na história da marca francesa. SUV chegará ao mercado em finais de 2024 e contará com sistema de propulsão híbrido: bateria e pilha de combustível.

Lembra-se do “velho” Scénic, lançado em 1991? Esqueça. Em 2024 haverá um novo Scénic. Mas entre o monovolume que pasmou o mundo há 31 anos e o concept-car que chegará às linhas de produção em 2024, agora revelado pela Renault, em Paris, apenas a vontade de romper conceitos e alargar segmentos sobrevive.

O Vision não aparece por acaso como apelido deste protótipo. Serve para recordar que a marca francesa há muito que procura ver mais longe. E que será através deste olhar que desenvolverá a tecnologia para os seus futuros modelos elétricos. Neste caso, um SUV que contará com um sistema de propulsão híbrido, combinando um motor elétrico com pilha de combustível, prova de que o hidrogénio sempre terá uma palavra a dizer na indústria.

Na apresentação internacional, a Renault promoveu esta viagem ao passado. Ou este regresso ao futuro, se assim entendermos. Num espaço contíguo à sala da conferência, onde se encontrava o concept-car, os jornalistas foram recebidos pelo primeiro exemplar do modelo, para poderem recordar como era a inovação há três décadas.

70% de materiais reciclados

O Scénic Vision é parte (bastante) ativa dos compromissos da Renault em matéria de mobilidade sustentável. Segundo os responsáveis da marca, o concept-car incorpora 70% de materiais reciclados, dos quais 95% são recicláveis, inclusivamente, a própria bateria.

Ainda existem muitas dúvidas em relação ao Scénic Vision. Mas o protótipo dado a ver à comunicação social goza de grande impacto visual. Por fora e por dentro – e a marca francesa não costuma afastar-se muito da estética dos concept-cars quando avança para a fase de produção.

Com uma distância entre eixos alargada, uma linha de cintura baixa, rodas grandes, faixas de proteção laterais e das cavas das rodas e um capot alinhado horizontalmente, goza de proporções perfeitas para uma habitabilidade otimizada de uma família. Trata-se de um SUV familiar. Mede 4,49 metros de comprimento (1,9 m de largura e 1,59 m de altura) e aponta ao segmento C, beneficiando da plataforma CMF-EV do grupo. Como não poderia deixar de ser, a estética é vanguardista. Sem contenções criativas e com uma aposta numa tecnologia sempre sustentável.

Na frente, exibe superfícies esculpidas que convergem num fluxo dinâmico, realçada por uma espetacular sequência de boas-vindas durante a qual o capot dá lugar a animações em forma de diamante que ganham vida na grelha dianteira, antes de se erguerem em torno do novo logótipo “Nouvel ”R” da Renault. Para abrir as portas, basta um toque no logótipo tátil da Renault. De resto, as portas de abertura chamada “suicida”, combinadas com a ausência de pilar B, permitem um fácil acesso ao interior.

Por dentro, a sensação é que entrámos numa antecâmara do futuro – bastante iluminada, por sinal, graças ao enorme tejadilho e diversos painéis e materiais refletores. O cockpit e os bancos afastam-se, de modo a dar aos passageiros e ao condutor a máxima liberdade de movimentos, regressando, depois, à posição inicial, adaptada à morfologia de cada utilizador. O assento do condutor é mais desportivo do que os restantes que primam pelo conforto para facilitar a sua concentração na estrada. Já o volante, tem a forma de um comando de jogos.

O habitáculo conta ainda com um generoso ecrã, localizado na zona onde o para-brisas encontra o painel de instrumentos, o mais próximo possível da linha do horizonte, para dar ao condutor a melhor vista possível e evitar distrações quando procura informação – exibida em duas áreas distintas: uma para si e outra para o passageiro.

Os materiais utilizados foram escolhidos com critério… ambiental A carroçaria recorre ao alumínio, aço e fibra de carbono totalmente reciclados. E as peças do cockpit são feitas de alumínio 100% reciclado e com acabamentos e pigmentos em bruto para reduzir o tempo de fabrico e favorecer um aspeto mais natural. O acabamento em bruto, com as marcas de fabrico ainda visíveis, dá ao aspeto geral uma aparência “estranhamente” requintada.

Eletricidade e hidrogénio

Para animar o Scénic Vision, a Renault escolheu o melhor de dois mundos. O motor elétrico de rotor síncrono, de 160 kW, que deriva, diretamente, do novo Mégane E-Tech Eletric. A bateria, de 40 kWh, pode ser reciclada e será fabricada, a partir de 2024, em França, na ElectriCity Gigafactory, sendo “mais leve e menos cara do que a utilizada por um veículo elétrico equivalente”, garantem os responsáveis da marca francesa.

Dado importante: a sua capacidade é apoiada por uma célula de combustível de 15 kW, que facilita a recarga durante viagens mais longas. A Renault fez as contas e quando existir uma rede de estações de hidrogénio, algures em 2030, serão possíveis viagens de 800 km, num automóvel motorizado como o Scénic Vision, sem necessidade de recarga elétrica, e com uma paragem de menos de cinco minutos para reabastecer com hidrogénio. Até esse ano, o grupo francês pretende alcançar 33% de materiais reciclados na massa de todos os modelos novos.