Estávamos em 1964. Shirley Bassey cantava o tema “Goldfinger”, composto por John Barry e que dava igualmente nome à aventura de James Bond na tentativa de salvar as reservas de ouro norte-americanas. Para tal, estreava-se neste filme aquele que viria a tornar-se um companheiro inseparável em muitos dos seus desafios: o Aston Martin DB5.
É no final desta mesma década, no ano anterior à chegada da Humanidade à Lua, que em Londres eram formados os Led Zeppelin, compostos por Jimmy Page na guitarra, John Paul Jones no baixo, John Bonham na bateria e Robert Plant na voz. Com um estilo que fazia dançar o blues com a música folk e o rock com sons do mundo, a banda britânica cedo foi abraçada como a voz de uma geração inteira que partia à descoberta de novos universos.
Apesar de toda a ousadia da banda na descoberta de novas possibilidades artísticas e sonoras, em Robert Plant permanecia uma ligação umbilical à terra: não apenas à natureza (como podemos observar e escutar em muitas das suas obras), mas também à sua Inglaterra. Não é de estranhar, assim, que uma das suas escolhas automobilísticas acabasse por recair no Aston Martin DB5. Em si mesmo, o DB5 encerrava uma mistura de tradição e modernidade. Se por um lado contava já com uma transmissão moderna de cinco velocidades, por outro era motorizado por um motor de seis cilindros cuja linhagem remontava ao DB2 de 1950 e, enquanto a concorrente Jaguar já tinha escolhido a suspensão independente no eixo traseiro, a Aston Martin mantinha ainda a opção por um eixo rígido.
Enquanto caminhamos para a celebração do 75ª aniversário do cantor já no próximo dia 20 de Agosto, lembramos o seu DB5: a metáfora perfeita para toda a viagem de diálogo entre o passado e o futuro que Plant percorre no seu efusivo tempo presente. O automóvel foi por si mantido bem para lá do fim dos Led Zeppelin no início da década de 80 do século passado, circulando posteriormente por colecções até surgir à venda em 2017. Pela sua raridade, pelo cuidado com que foi mantido e pelo seu historial, não duvidamos que este será, em concreto, um dos mais especiais Aston Martin DB5 em existência.
Não nos admiraremos, também, se ao ligar o rádio escutarmos uma faixa perdida a lembrar que poderão existir escadas para o céu.
Fonte: Car and Driver e Nicholas Mee & Co