O CEO do grupo, Oliver Blume, afirmou que “a Alemanha, enquanto local de negócios, está a ficar cada vez mais para trás em termos de competitividade”.
Oliver Blume atribui os problemas da Volkswagen (VW) a um ambiente económico difícil, ao surgimento de novos concorrentes na Europa e à queda da competitividade da economia alemã.
Contudo, os sindicatos culpam a administração pela situação vivida. A líder do conselho de empresa, eleita pelos trabalhadores, afirmou que a administração tinha tomado “muitas decisões erradas” nos últimos anos.

Daniella Cavallo sublinha que os principais erros foram a falta de investimento em veículos híbridos ou o ser mais rápida na tomada de decisão de desenvolver carros elétricos a bateria a preços acessíveis.
Em vez de encerrar fábricas, a direção deveria reduzir a complexidade e tirar partido das sinergias entre as fábricas do grupo, afirmou Cavallo numa entrevista na intranet da VW.
Seja qual for a causa, a empresa tem de tomar decisões rápidas sobre onde cortar custos, afirmaram investidores e analistas ouvidos pela Reuters. E esta é uma tarefa difícil para uma empresa da dimensão da Volkswagen e com uma complexa estrutura de poder formada ao longo dos seus 87 anos de história.
“Em tempos difíceis, a direção e os sindicatos têm capacidade para chegar a um consenso”, sublinhou Philippe Houchois, analista da Jefferies. “Mas não vai ser fácil”.
Analistas afirmam que em causa deverão estar as unidades de Osnabrueck e Dresden.
Além do possível encerramento de instalações industriais na Alemanha, a VW pondera também acabar com um programa de segurança do emprego que excluía despedimentos forçados até 2029, o que terá a oposição dos sindicatos.
A marca VW alimenta a maior parte das vendas de veículos do grupo, que inclui ainda a Skoda, Seat/Cupra, Audi, Lamborghini, Ducati e Porsche.
Contudo, o aumento da rentabilidade da marca esbarra com a subida dos custos de logística, energia e mão de obra.
O colocar em cima da mesa o encerramento de fábricas na Alemanha acontece num momento em que a margem de lucro caiu para 2,3% durante o primeiro semestre, quando era de 3,8 % há um ano.
Analistas afirmam que a VW está a fazer uma transição difícil para os veículos elétricos, ao mesmo tempo que se assiste a um abrandamento dos gastos dos consumidores.
Em simultâneo, A VW também perdeu força na China, que é o seu maior mercado. A empresa alemã não está a conseguir fazer frente à concorrência das marcas chinesas, nomeadamente da BYD, que inundam o mercado de automóveis elétricos de qualidade a preços acessíveis.
A VW emprega cerca de 650.000 trabalhadores em todo o mundo, dos quais quase 300.000 na Alemanha.