Poupar na fatura de energia é uma das grandes preocupações dos portugueses. E esse será o rastilho para quererem viver em casas inteligentes, diz o administrador da EDP Comercial. No futuro, não muito distante, as habitações vão dispensar a rede pública e produzir a sua própria eletricidade. Esse é o principal trunfo, mas uma casa inteligente também vai educar o consumidor para eliminar desperdícios e tornar o consumo sustentável.

Casa inteligente ainda é um conceito futurista ou as mentalidades estão a mudar?

As casas inteligentes ainda são um conceito estranho, mas as mentalidades estão a mudar. Basta dizer que oito em cada dez portugueses assumem que a prioridade é ser mais eficiente no consumo para poupar na fatura de energia. E isso é um ponto de partida para quererem casas mais inteligentes. Ou seja, casas que produzem a sua energia com opções como o fotovoltaico ou casas que acoplam um sistema de baterias para armazenar essa produção, fazendo uma gestão inteligente dos consumos. E também casas equipadas com aparelhos que consomem energia de forma eficiente.

O que faz hoje uma casa inteligente da EDP e o que vai fazer essa mesma casa no futuro?

Eu tentaria descrever que uma casa futurista é aquela que produz a sua energia e decide quando a armazena. É também a casa que decide quando consome da rede pública ou do sistema de armazenamento. Além disso, armazena a energia em horários de baixo preço para usá-la nas horas em que o preço é mais alto. E ainda é uma casa que dá informação ao consumidor sobre as suas más práticas para que mude o comportamento.
Quão perto está esse futuro?
Em muitas situações esse futuro já existe. Temos vários milhares de clientes com produções fotovoltaicas. E vamos tendo clientes que começam a instalar baterias associadas a essas soluções, apesar do custo ainda elevado. Na nova construção, já se começa a ver habitações que consomem energia de forma inteligente e a disponibilizar aos moradores a informação do que está a acontecer em casa.
Ainda persiste a ideia de que o investimento em energias renováveis não compensa?
No caso dos particulares, as pessoas começam a olhar para a hipótese de produzirem a sua própria energia. Os painéis solares têm uma tendência de crescimento e estão cada vez mais acessíveis. Mas há ainda alguma informação que os clientes e o mercado precisam antes de tomarem as suas decisões. Não se trata de uma decisão simples.
Não é simples porquê?
Dou um exemplo: quem está a pensar numa solução de geração solar julga que a quantidade é proporcional à eficiência, mas não. O principal é perceber quais os seus padrões de consumos de energia.
Onde é que ele pode ir buscar a informação?
Na EDP dimensionamos uma solução para cada caso. No nosso site, há um simulador para a primeira abordagem. Quem quiser dar o passo seguinte deixa o contacto e nós fazemos uma simulação personalizada.
Todos estes exemplos são para as moradias. E para prédios?
A legislação está a evoluir a nível europeu para comunidades de energia locais, para que grupos de cidadãos possam investir em soluções semelhantes às usadas nas moradias. É expectável que isso aconteça em breve e estamos preparados para entrar nesse mercado.
As casas inteligentes dão os primeiros passos. E carros elétricos vieram para ficar?
Estamos confiantes nisso, pois a mudança partiu dos próprios fabricantes, que é a peça-chave neste processo.
É possível saber quantos postos de carregamentos usam energias renováveis?
O que é possível saber é que 60% da energia consumida em Portugal é renovável. Sendo os carros elétricos carregados sobretudo em casa, o seu consumo será também na mesma proporção. A produção no espaço ibérico dá cada vez mais importância às renováveis – não só hídricas como eólicas e, mais recentemente, fotovoltaica.
Estando o fotovoltaico a ganhar fôlego, que novidades está a EDP a preparar?
Assinámos há pouco tempo um acordo com a empresa Exide para instalar o maior parque solar fotovoltaico com armazenamento de energia em Portugal. Ou seja, os painéis produzem energia e a empresa que fabrica as baterias está a introduzir a capacidade de armazenar energia para consumir nos momentos em que não há produção. É um parque que produz o suficiente para cerca de quatro mil casas. Isso mostra que as empresas não só estão a investir connosco mas também estão preocupadas em explorar tecnologias que permitam otimizar o investimento.

Katia Catulo

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