As seis propostas do Elevator Pitches convergiram no sentido da responsabilidade social, sem esquecer que todos temos contas para pagar ao fim do mês. Inclusive os pobres

Vamos combater a pobreza e a desertificação? Dir-se-ia que se não se pedir a alguém para se imolar ou esfolar vivo, a probabilidade de arranjar parceiros será animadora. Tentar arranjar dinheiro para empreendedorismo social a falar do que é preciso fazer coletivamente resulta. Até para ‘excluídos’ do ecossistema startup, os que não falam a mesma “língua”. E o mesmo serve para, obviamente, aumentar a segurança e eficiência da condução rodoviária, melhorar o impacto ambiental do turismo e reduzir ecologicamente os custos da distribuição de produtos refrigerados.

Por vezes, franquear a fronteira do mundo cifrado das startups custa. Talvez seja parte preconceito, parte culpa própria: nem os empreendedores são tão alienados da linguagem comum, nem os potenciais interessados em investir são todos “big sharks” (investidores ferozes).

No Startup Elevator Pitches, três minutos no palco da Portugal Mobi Summit para vender uma ideia, o segundo dia trouxe seis propostas que se se tocaram em alguns aspetos. E dos bons. Nunca o bem se vendeu tão bem.

É só a melhor startup da Europa

Arrancou assim: “Sabiam que é a melhor startup de turismo da Europa de 2018? E porquê? É a única empresa no mundo que deteta as necessidades especiais dos turistas”, arrumou com falso pretensiosismo o CEO da Live Eletric Tours, João Gomes.

Entrar de rompante foi uma forma de lançar o isco – chamou a atenção, claro.

A empresa que arrenda veículos serve para dizer que os turistas gostam de liberdade, conforto, conetividade e velocidade. “Todos os nossos carros têm tecnologia de ponta. Todos têm câmaras que permitem que depois possam partilhar as experiências nas redes sociais com os amigos e familiares”, juntou-lhe. E terminou a provocar, piscando o olho às empresas: “O seu próximo evento de empresa vai ser sustentável?”.

Toneladas de poupança de CO2

Bruno Azevedo, da Addvolt, propõe um sistema integrado para a eletrificação e descarbonização do transporte de produtos refrigerados (bebidas, congelados e até flores). “Um camião consome 500 litros por mês. E há mais de um milhão destes veículos em toda a europa”, alertou. Quer poupar 12 toneladas de CO2 num ano por camião? “Instalámos o sistema, que consiste num plug in elétrico ou híbrido. É carregado nas tomadas trifásicas que todos os armazéns possuem e depois a temperatura é mantida sem emissão de carbono”, garantiu.

Topar as manhas do corpo e da estrada

A CardioID, que ficou no 3.º lugar do prémio “Startup do Ano PMS 2019”, entregue quinta-feira à Fuelsave, quer acabar com “um problema social, para as seguradoras e para a população”. “Durante os três minutos desta apresentação, seis pessoas vão morrer na estrada”, disparou Diogo Lourenço. E apresentou uma solução – Cardiowheel – que mede o ritmo cardíaco, o nível de fadiga e controla as manobras perigosas na estrada.

Fazer a N2 de bicicleta elétrica (sem pedalar)

O desafio da Roadloop é criar um sistema de carregamentos tão simples e a um preço tão atraente que convença diversos tipos de espaço. Tanto o outdoor, como o indoor (exemplos: pequenos estabelecimentos, espaços privados e públicos). “As pessoas já perceberam que compensa mais comprar do que alugar uma trotinete. Os turistas poderiam passear de bicicleta e ter onde carregar pelo país todo”, lança Rui Sousa. É na rede de carregamento destes veículos leves que trabalham. “O ano passado, compraram-se seis milhões bicicletas elétricas na Europa. O Estado português está a incentivar a compra destes veículos”, lembrou. Fazer a Nacional 2, que liga Chaves a Faro, é um sonho de muitos. O desta empresa é que quem o quiser fazer de bicicleta elétrica não tenha de pedalar por falta de alimentação.

E fazer negócio com um foco social?

A HiReach desafiou os empreendedores a assumirem o seu papel comunitário e a fazerem negócios com foco social. Trabalhar no elevador social, mas de uma forma mais literal: construir soluções para que as franjas sociais, os pobres, possam ter os seus “Uber”. “É fundamental trabalhar em soluções de mobilidade social e ajudar as pessoas a sair de situações sociais mais desvantajosas, da pobreza”, disparou André Marquet. “Como é que o vamos fazer? Criando melhores serviços e melhor desenhados. Para exemplos, temos plataformas digitais de transportes como a PickmeUp e a DRT, entre outras. Algumas são parcerias público-privadas, mas é por aí o caminho”, explicou.

Pôr umas rodas na desertificação

Há a expressão “vai de patins” (no sentido de algo ou alguém que sai de cena e rapidinho) e esse foi o mote em que pegou Miguel Veríssimo, da Solar Trap. Uma empresa de espaços modulares arquitetónicos móveis. “Precisamos de um parceiro para um projeto de criação de espaços móveis. Na ideia de que os serviços que foram descontinuados no interior têm de ser substituídos. Estamos a pensar em serviços de saúde, correios…”, explicou. E deu o exemplo de um hospital que precise de aumentar a área. “Isso pode acontecer de noite, de forma autónoma, porque os módulos movem-se através de Plug in”, concluiu.

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