Adeus WRC 2017… olá 2018!

18/12/2017

O Mundial de Ralis de 2017 foi uma excelente propaganda à modalidade. Os novos carros, mais ‘agressivos’ e espetaculares, estiveram excelentes numa temporada em que sete pilotos, das quatro equipas em competição, venceram ralis. Se 2018 for, pelo menos, igual, em termos de espetacularidade, imprevisibilidade e emoção, então estamos finalmente no cmainho certo para o pináculo dos ralis…

O Rali da Austrália encerrou o que foi provavelmente uma das mais excecionais épocas dos 45 anos de história do Mundial de Ralis. Todas as quatro equipas presentes na competição venceram pelo menos uma vez, e seria preciso recuar à temporada de 2002 para encontrarmos nas estatísticas do WRC um ano em que sete pilotos diferentes venceram provas.

Este é somente um dos muitos dados que mostra quão competitivo foi o ano. Há muito não havia tanto equilíbrio, e um dos segredos residiu no facto das novas regras terem permitido um novo começo, sendo que também não nos podemos esquecer que a equipa que dominou os últimos anos, a VW MotorSport, saiu de cena. Independentemente da valia de cada uma das equipas, dos carros e dos pilotos, a verdade é que a saída da VW já era por si só, um bom passo para maior equilíbrio e quando a isso se juntou o facto do melhor piloto ter ido para a equipa com menor orçamento, isso ajudou à ‘fiesta’.

Ao contrário do que tinha sucedido desde 2013, Sébastien Ogier chegou à M-Sport sem ser tido nem achado no desenvolvimento do Ford Fiesta WRC 17, e esse foi sempre um handicap que durante boa parte do ano o afetou, pese embora o bom trabalho de Miguel Cunha, Bernardo Soares (ambos portugueses, um é Chefe de Mecânicos da M-Sport e o outro é o Engenheiro de Ogier), e restantes companheiros. Em determinada altura, quando se passou a falar do possível novo contrato de Ogier, várias vezes se ouviu o francês a dizer que pretendia mais apoio da Ford, para ter melhores condições para fazer o seu trabalho, e isso significa que sentia não as ter. A Hyundai começou a época com um andamento que se chegou a pensar que poderia ser quase imbatível, mas isso não se confirmou, e enquanto o tempo passava e Ogier se adaptava melhor ao carro e à equipa, as restantes não conseguiram aproveitar. Todas se mantiveram juntas, não só em termos de prestações, como de resultados, mas com exceções, claro. A Citroën, que até o próprio Ogier tinha destacado como possível favorita, em palavras ao AutoSport, em setembro de 2016, entrou no campeonato muito abaixo do que se esperava, e manteve essa espiral negativa, e nem as duas vitórias de Kris Meeke o disfarçaram. O Citroën C3 WRC provou ser bom em asfalto (liderou na Córsega até desistir e venceu na Catalunha), mas os problemas do carro em pisos de terra nunca foram resolvidos, e segundo os seus responsáveis, só com uma nova homologação de diferenciais isso poderá suceder.

A Toyota regressou aos ralis, e o que se esperava da equipa era inicialmente muito menos do que o que acabou por fazer, ainda que o facto de ser ‘nova’, se tenha refletido durante o ano, especialmente em termos de fiabilidade. Por fim, a introdução de uma nova especificação de World Rally Cars, capazes de maiores performances, veio acompanhada com preocupações quanto à segurança, e a morte de um espetador logo no arranque do ano, em Monte Carlo, não ajudou a serenar os ânimos, mas felizmente essa foi a única ocorrência de segurança complicada do ano. O que fica de forma mais efetiva desta temporada é claramente o facto de ter havido sete pilotos e quatro equipas diferentes a vencer ralis, 16 pilotos a ganhar troços, bem diferente, por exemplo do ano de 2014, com a VW a assegurar 78% de triunfos em especiais face aos 9.1% da Citroën, 7.1% da Ford e 4.7% da Hyundai.

Agora que estamos a pouco mais de um mês do início da época de 2018 do WRC, e numa altura em que já se roda nas estradas do Sul de França, imediatamente antes do período natalício, recordamos que entre as mudanças mais sonantes para 2018 está a passagem de Andreas Mikkelsen e Anders Jæger para a Hyundai Motorsport, algo que já tivemos nas últimas três provas de 2017.

A segunda grande mudança tem a ver com a passagem de Ott Tänak e Martin Järveoja da M-Sport para a Toyota, onde substituem Juho Hänninen e Kaj Lindström. Hänninen e Lindström permanecem na equipa, o primeiro como piloto de testes e Lindström na gestão da equipa.

De resto, Wayne Christie é o novo Presidente da Comissão de Ralis da FIA, vai gerir os ralis regionais. O Diretor de Ralis da FIA, Jarmo Mahonen, sai e passa para Vice Presidente da Comissão de Ralis e o ‘nosso’ Carlos Barbosa continua Presidente da Comissão do WRC.

Vai haver uma alteração importante nos bastidores, pois os resultados do WRC e o tracking passam da espanhola SIT para a australiana RallySafe. Em termos de calendário, sai a prova da Polónia e entra a Turquia. Quanto a pneus, a Pirelli torna-se no terceiro fornecedor do WRC, juntando-se à Michelin e DMack. Passa a haver liberdade de utilização de marcas de pneus para não participantes no WRC2. Acabou o WRC Trophy, deixa de haver provas obrigatórias no WRC2, os privados podem correr com WRC 2017 sem estes serem inscritos por equipas oficiais e finalmente no Junior WRC, a Pirelli é o novo fornecedor de pneus por troca com a DMack. Este é o essencial para 2018.

Equipa: M-Sport World Rally Team?
Carro: Ford Fiesta WRC
Pilotos
Sébastien Ogier/Julien Ingrassia
Elfyn Evans/Daniel Barritt

Equipa: Hyundai Motorsport
Carro: Hyundai i20 Coupe WRC
Pilotos
Andreas Mikkelsen/Anders Jæger
Thierry Neuville/Nicolas Gilsoul
Hayden Paddon/Sebastian Marshall (divide 3º carro)
Dani Sordo/Carlos del Barrio (divide 3º carro)

Equipa: Toyota GAZOO Racing WRT
Carro: Toyota Yaris WRC
Pilotos
Jari-Matti Latvala/Mikka Antilla
Esapekka Lappi/Janne Ferm
Ott Tänak/Martin Järveoja

Equipa: Citroën Total Abu Dhabi WRT
Carro: Citroën C3 WRC
Pilotos
Kris Meeke/Paul Nagle
Craig Breen/Scott Martin
Stephane Lefebvre/Gabin Moreau
Khalid Al-Qassimi/Chris Patterson (provas selecionadas)

Calendário

1. Monte-Carlo 25 – 28 Janeiro
2. Suécia 15 – 18 Fevereiro
3. México 8 – 11 Março
4. França 5 – 8 Abril
5. Argentina 26 – 29 Abril
6. Portugal 17 – 20 Maio
7. Itália 7 – 10 Junho
8. Finlândia 26 – 29 Julho
9. Alemanha 16 -19 Agosto
10. Turquia 13 – 16 Setembro
11. Grã-Bretanha 4 – 7 Outubro
12. Espanha 25 – 28 Outubro
13. Áustralia 15 – 18 Novembro

José Luís Abreu

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