F1: Os receios de Barnard em relação a 2021

05/07/2018

John Barnard, um nome incontornável da F1, criador do primeiro monolugar de F1 com um chassis em fibra de carbono (McLaren) e o primeiro F1 com caixa semi-automática (Ferrari) deu a sua opinião sobre a regulamentação de 2021 que agora atingiu uma espécie de impasse.

Para Barnard os motores actuais são responsáveis pela situação actual da F1 com custos demasiados elevados, mas é contra a ideia dos tectos orçamentais:

“Eu acho que o problema da Fórmula 1 actual é que ela é dependente das unidades motrizes. Não são apenas motores, pois a complexidade das unidades é grande. A menos que seja um fabricante com acesso facilitado a recursos, nunca conseguirá atingir os níveis desejados. É por isso que vejo porque a Red Bull decidiu juntar-se à Honda. Para alguém como a Red Bull, é o melhor que eles conseguirão em termos fornecimento de unidades motrizes. Isso faz sentido para mim, mas é um risco.”

“Quanto mais você tenta controlar os custos e apertar os regulamentos, mais espaço você tira da inovação. De certa forma, estão a dar um tiro no pé. O que muitos fãs gostavam era das inovações técnicas, com carros que eram diferentes. Agora, se os pintassem todos de branco, provavelmente não conseguiria distinguir uns dos outros.”

A parte da evolução tecnológica tem sido esquecida, mas sempre fez parte do ADN da F1. A busca pela vantagem extra sempre obrigou os engenheiros a procurar soluções inovadoras, que serviram o grande público anos depois. Além disso, essa busca dava carros diferentes, com filosofias de construção diferentes. Hoje em dia temos isso mas de forma muito mais restrita. É fácil distinguir os carros, mas esse trabalho exige alguma atenção, algo que a maioria não está disposta a fazer. É por isso que parecem carros iguais. A limitação de custos pode servir para nivelar a competição mas pode, de facto, castrar a F1 de um dos elementos que a tornou única… a tecnologia. Ou talvez nem seja tanto a limitação de custos mas sim um regulamento demasiado restrito. Se as equipas tivessem mais liberdade para procurar novas soluções talvez pudéssemos ter uma F1 mais rica, mais diversificada. Um equilíbrio entre a limitação de custos e uma maior liberdade obrigará a um equilíbrio difícil de encontrar mas talvez seja a solução para que equipas mais pequenas encontrem as soluções próprias para combater equipas maiores sem terem de gastar rios de dinheiro. Para já está tudo numa grande indefinição.