Michael Schumacher, 5 anos

29/12/2018

Foi a 29 de dezembro de 2013 que Michael Schumacher sofreu um grave acidente de esqui que lhe mudou a vida. Cinco anos depois, pouco se sabe do seu estado, mas há pelo menos uma certeza: #keepfighting Michael…

Cinco anos! A exemplo do que sucede com a morte de Ayrton Senna, em 1994, ou o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque, a 11 de setembro de 2001, recordo-me perfeitamente onde estava no momento em que li no meu smartphone um artigo que noticiava o grave acidente de esqui de Michael Schumacher nos Alpes franceses. Foi num domingo, passeava com a família, e com o site AutoSport a trabalhar 24 horas sempre que necessário, as horas seguintes foram intensas, na tentativa de recolher informação. “O Schumacher teve um grave acidente”.

Desde aí, pouco mais soubemos do que se passava com Michael Schumacher e o mais impressionante da questão é que já passaram cinco anos. Michael Schumacher completa dia 3 de janeiro próximo, 50 anos, e hoje, 29 de dezembro, cinco anos desde o seu acidente quando praticava esqui em Maribel, nos Alpes franceses. Segundo foi recentemente revelado, já não está acamado, nem necessita de apoio respiratório.

Esteve, como se sabe, muito tempo em coma, foi transportado do hospital da Universidade de Grenoble Hospital – onde esteve cinco meses, e onde lhe foram feitas duas operações muito delicadas – para o Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça. Recuperou a consciência, foi transportado para a sua casa na Suíça, e desde aí pouco ou nada mais se soube do seu estado. Há sinais positivos, mas a família nada confirma, ou diz, mantendo o sigilo a que se impôs há muito. São muito poucos os que conhecem o seu atual estado de saúde, já que o segredo é exigido pela família. Até a Rubens Barrichello foi negado um pedido para visitar o seu antigo colega de equipa, tendo-lhe sido explicado que o encontro não faria bem a nenhum dos dois.

Sintomático. Já a Sébastian Vettel foi autorizado o acesso, e o alemão fez o seu papel. Nem uma palavra sobre o assunto. Sabe-se que Schumacher necessita de muitos cuidados médicos diários, e para lá do que o seu advogado disse em tribunal, em 2016, que Schumacher não andava, nada mais se soube depois disso. O único e mais grave incidente sucedeu quando um dos elementos da equipa de transporte de Michael Schumacher, quando este foi levado de França para a Suíça, roubou documentação médica foi preso, e foi pouco depois encontrado enforcado na sua cela.

O dia 29 de dezembro de 2013 ficará para sempre marcado na família Schumacher, pois foi o dia em que o terrível acidente de esqui mudou por completo o dia a dia naquela casa, e numa das poucas declarações lidas por Sabine Kehm, a sua assessora de sempre, esta disse : “Estamos felizes por dizer que o Michael apresenta melhoras, mas digo isso tendo sempre em conta o contexto das graves lesões que sofreu”.

Sabe-se, no entanto, que na sua casa está montado uma espécie de mini hospital, para lhe dar apoio, com a sua mulher Corinna, com quem Schumacher casou em 1995, a conseguir manter o marido fora das parangonas, na medida do possível, enquanto recupera. Há, como sempre nestes casos, muita especulação, mas os adeptos e o público em geral já entenderam há muito que a vontade da família é para respeitar, e acima de tudo o importante é que Michael Schumacher possa recuperar ao ponto de ter uma vida minimamente normal.

FILHO NA FÓRMULA 2
O casal Michael e Corinna Schumacher tem mais uma filha, Gina-Maria, que tem agora 21 anos, continuando a destacar-se em campeonatos de equitação. Enquanto isso, o seu filho, Mick Schumacher, agora com 19 anos, evolui na carreira nas pistas. Há cinco anos o jovem Mike Betsch tentava correr ‘escondido’ no karting, com a família a tentar protegê-lo ao máximo, mas hoje em dia evolui constantemente. Foi este ano Campeão Europeu de Fórmula 3, o que já é um enorme feito, e neste momento está já a caminho do degrau imediatamente antes da F1, a Fórmula 2, onde vai continuar a correr com a Prema, a mesma equipa onde foi Campeão de F3, e que tem sido um viveiro de Campeões. Para já, o seu futuro é prometedor, sendo lógico falar-se em equipas como a Mercedes ou Ferrari. O que vai acontecer, o tempo o dirá…

Mick Schumacher nunca falou publicamente do estado do pai, mas contou recentemente uma história, o dia em que o pai lhe perguntou se queria correr como hobby ou profissionalmente: “Respondi-lhe que queria ser profissional. Quero comparar-me aos melhores e o meu pai é o melhor. E também o meu ídolo”, disse numa entrevista à alemã RTL. Um dia, em 2007, Michael Schumacher disse: “Sempre acreditei que nunca se deve desistir, e devemos continuar sempre a lutar mesmo que exista somente uma pequena hipótese”. Estas palavras deram o mote para a iniciativa ‘Keep Fighting’, definida para “continuar a espalhar entre os adeptos de Michael Schumacher a energia positiva que estes sempre lhe deram”. Há planos para que no seu próximo aniversário, a 3 de janeiro, seja feito algo que comemore a data. Ao fim ao cabo Schumacher completa meio século de vida, mas Sabine Kehm limitou-se a dizer que o “melhor presente para o Michael e para a família será as pessoas lembrarem-se dele como o piloto que é, um vencedor e recordista…”

Na verdade, e apesar da maioria de nós sabermos muito pouco do estado de saúde de Michael Schumacher, todos temos uma certeza. Está a fazer progressos. Neste longo caminho de cinco anos o piloto e o homem nunca foram esquecidos, e o sete vezes Campeão do Mundo de Fórmula 1 continua a ser lembrado, quer seja por pilotos a dedicarem-lhe feitos, como Lewis Hamilton fez quando bateu o seu recorde de pole positions, ou muitos adeptos a relembra-lo, aqui e ali… #keepfighting é uma hashtag que tem de certeza motivado muita gente à volta do mundo, e quem sabe, um dia vamos ver o pai a assistir ao vivo a uma corrida do filho, Mick. Se tiver que ser daqui a mais cinco anos, que o seja, mas o simples facto disso suceder, já era bom.

José Luís Abreu/AutoSport

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