Os reis da chuva na Fórmula 1

15/11/2017

Já que a chuva está cada vez mais tímida, é boa hora para falar dela e dos seus efeitos em pista. Para os fãs de F1 (e de qualquer outra modalidade) a chuva é sinónimo de espetáculo e surpresas. Com menos aderência, o talento tendencialmente fala mais alto que a mecânica (embora esta mantenha a sua enorme importância). Há uma regra não oficial, que diz que se um piloto é bom com pista molhada é bom em qualquer lado.

É uma regra que nem sempre pode ser considerada verdadeira. Há um exemplo recente que mostra isso: Jean Eric Vergne era sistematicamente melhor que Ricciardo em pista molhada. Mas a carreira de ambos seguiu para rumos completamente diferentes. O melhor em pista molhada não ficou.

Há um nome que é unanimemente considerado o melhor à chuva… Senna. E os números confirmam isso. Senna tem 66.7% de vitórias nas corridas que em algum ponto tiveram água no asfalto. É uma percentagem considerável (Ascari tem 80%, mas tem apenas 5 corridas à chuva – 4 vitórias). Seguem-se Fangio com 57%, Moss (50%) e Clark (42.9).

Dos pilotos mais recentes, Hamilton consegue 25% de vitórias à chuva, Vettel 19% e Button 21%.

O caso de Button é curioso pois o britânico (famoso pelo seu estilo de condução suave, característica imprescindível para se ter sucesso à chuva) conseguiu mais vitórias à chuva do que em seco. Em 179 corridas em seco conquistou 8 vitórias. As restantes 7 vitórias vieram das 33 corridas em que enfrentou pista molhada. Massa é outro desses casos (8 vitórias-153 corridas em seco; 3 vitórias – 30 corridas em pista molhada).

Mas fica claro que Senna foi aquele que melhor dominou as suas máquinas em pista molhada até pela diminuta taxa de abandonos que teve por erros próprios nestas condições (2 DNF em 21 corridas à chuva).

Não é à toa que Senna foi chamado de “Rei da Chuva”. A sua capacidade de concentração, a forma como sentia o carro e as inúmeras vezes que treinou à chuva nos karts, fizeram dele um dos pilotos mais bem preparados para enfrentar condições de aderência mais adversas. Para a história ficam exibições memoráveis como em 84 no Mónaco ou em 93 em Donington.

A chuva tem a tendência em tornar as corridas memoráveis. Hunt no Japão (em 76) Button no Canadá (em 2011), Hamilton no Brasil (em 2008), o mesmo lugar que viu Verstappen fazer uma corrida formidável em 2016. As corridas à chuva vêm sempre à memória, pois nas condições mais adversas é que os maiores talentos se mostram.