Mazda relembra 60 anos de coupés visionários

28/05/2020

A arquitectura coupé tem sido, ao longo das décadas, o formato preferido para concepção de automóveis elegantes e futuristas.

Os construtores destes veículos, tradicionalmente de duas portas, mais pequenos e desportivos do que os familiares equivalentes, tendem a focar-se mais no estilo e em conceitos estruturais, que melhoram a performance, tais como rigidez, a aerodinâmica e a redução de peso, tudo elementos fulcrais da filosofia de produto da Mazda.

De facto, a Mazda estabeleceu referências no conceito coupé logo desde os seus primórdios de produção automóvel. O prático e acessível Mazda R360 de duas portas, aquele que foi o seu primeiro veículo de passageiros, assumiu este formato, numa proposta de 2,96 metros de comprimento. À altura o veículo mais leve da sua classe, era, também, muito elegante e divertido de conduzir. Esta combinação vencedora tornou-se num sucesso de vendas imediato, conquistando 65% do crescente segmento de microcarros (kei cars) do Japão, e 15% do seu mercado interno em 1960, o ano do seu lançamento. Seguiu-se-lhe o Mazda Carol P360 Coupé, com maior distância entre eixos e um motor de quatro cilindros, que se juntou à gama em 1962, registando um sucesso comparável.

A era dos coupés com motor rotativo
O primeiro modelo de carácter desportivo da Mazda foi igualmente um coupé. Apresentado pela primeira vez no Salão de Tóquio de 1964, o Mazda Cosmo Sport 110S chegaria ao mercado em 1967 como o primeiro automóvel de produção do mundo equipado com um motor rotativo, de dois rotores, e o segundo modelo comercialmente disponível equipado com um bloco Wankel.

Combinando o visual inspirado na era espacial com a sonoridade única daquele motor, semelhante ao de uma turbina, o Cosmo Sport marcou o início de uma época de prestígio para a Mazda e os seus coupés desportivos não convencionais, de motor rotativo. O modelo ficou também famoso por ter sido a rampa de lançamento para a profícua carreira desportiva da Mazda.

O grande salto nas vendas Mazda a nível internacional aconteceria com as séries Familia/R100 e Capella/616/RX-2 – respectivamente precursores dos modelos Mazda3 e Mazda6 – juntamente com o Grand Familia/818/RX-3. A partir de 1968, estes modelos permitiram à Mazda dar uma escala mundial aos seus motores rotativos, apelando igualmente ao seu visual inspirado no estilo italiano para atrair compradores, o que se traduziu numa ascensão comercial fulminante, com as vendas de exportação a alcançar rapidamente os seis dígitos.

Ainda mais impressionante foi o Luce R130 Coupé, introduzido em 1969. Projetado na Bertone por Giorgetto Giugiaro (que também havia desenhado o primeiro Familia), foi o único modelo Mazda com motor rotativo e tracção dianteira, sendo por isso hoje um objecto de colecção muito procurado. Posicionado acima do RX-2 e do RX-3, o Luce R130 abriria caminho, em 1972, ao Mazda RX-4. Comercializada como luxuosa e desportiva, esta versão coupé com hardtop estava disponível com um rotativo “AP” (antipoluição) que melhorava as emissões e os consumos de combustível.Este motor seria depois adoptado nos Mazda RX-3 e Cosmo/RX-5, lançados em 1975 nos formatos coupé e fastback. As performances dos coupés RX com motores rotativos de 110 e 135 CV, com pesos a seco entre os 900 e os 1.100 kg, eram muito respeitáveis para a época.
Exclusivamente desportivos
O construtor de Hiroshima elevou esta receita a outro patamar em 1978, através do Mazda RX-7, cujo design único em forma de cunha apresentava um óculo traseiro do tipo envolvente. Sob o capô do primeiro modelo verdadeiramente desportivo fabricado pela Mazda estava um motor rotativo completamente redesenhado. Impulsionando uma estrutura de baixo peso, com uma distribuição quase perfeita, o RX-7 era algo excepcional em termos de condução.

Lendário nas estradas e nas pistas, o RX-7 evoluiu ao longo de mais de três gerações, tornando-se num super-coupé biturbo de elevada performance, a par do melhor que a concorrência tinha para oferecer. Com cerca de 811.000 unidades produzidas, o RX-7 continua hoje a ser o automóvel de motor rotativo mais famoso e vendido da história automóvel.
Menos conhecido é o Eunos Cosmo, um luxuoso coupé desportivo construído entre 1990 e 1995, num exclusivo para o mercado japonês. Foi o único modelo de produção equipado com um motor de três rotores. O propulsor biturbo 20B-REW, de 300 cv, foi também foi o maior motor rotativo de produção em série de todos os tempos.
O Cosmo introduziu muitas novas tecnologias de vanguarda, como o primeiro sistema de navegação GPS de bordo e um touchscreen.

Outro modelo exclusivo do mercado japonês, o Autozam AZ-1, foi igualmente notável à sua maneira. Pesando apenas 720 kg, este dinâmico e divertido kei coupé de motor central, desenvolvido por Toshihiko Hira, responsável pelo programa do MX-5, tinha portas do tipo “asas de gaivota” e um redline (regime máximo do motor) às 9.000 rpm, integrando um segmento personificado, em grande parte, por modelos utilitários do tipo “caixas com rodas”.É uma abordagem tipicamente Mazda, na sua constante procura de soluções para tornar os seus coupés especiais, visualmente e nas sensações que transmitem. O Mazda 929 Coupé (1982-86), com as suas janelas laterais traseiras integradas no pilar B e com abertura vertical, é mais um exemplo. O elegante Mazda MX-6 (1987-97), por seu lado, dispunha de quatro rodas direcionais em opção. Já o compacto Mazda MX-3 (1992-98) estava disponível com o motor K8 de 1,8 litros, o V6 de produção em série mais pequeno (em cilindrada) do mundo.

Coupés crossovers e visionários
Mesmo no passado, a Mazda já apostava em conceitos do tipo crossover, hoje amplamente considerados como fenómenos do século XXI. O Mazda 323F (1989-98) era um familiar de cinco lugares desenvolvido a partir de um coupé desportivo, em forma de cunha e faróis escamoteáveis; o Xedos 6 (1992-99) situava-se nos limites entre um coupé de luxo e um familiar médio; e o RX-8 (2003-12), um quad coupé com lugares traseiros e portas freestyle (abertura invertida), voltou a demonstrar o nível de sofisticação da marca quando se trata de reinventar o design do conceito coupé.
Presentemente, a Mazda continua a desafiar as convenções do design com modelos como o Mazda MX-5 RF (Retractable Fastback). Tal como aconteceu na anterior geração do MX-5 Roadster Coupé, a exclusiva capota rígida (hardtop) de comando eléctrico do RF confere ao roadster mais popular do mundo o conforto de um habitáculo fechado.