Cápsulas do Tempo: “Veraneando” com estilo

13/08/2018

Com o recente lançamento do Fiat 500 Spiaggina, apresentado em parceria com a Pininfarina e a Garage Italia Customs (na versão protótipo); vieram-me de imediato à memória alguns veículos que, ainda que os possamos encontrar em outros ambientes, associamos por certo a praia, férias e descontração.

O Spiaggina, que em português do Brasil poderíamos traduzir para “Praiano”, veio reeditar a versão original do Fiat 500 Jolly de 1958. Em jeito de comemoração do 60.º aniversário do referido modelo, a marca produzirá respetivas 1958 unidades do Spiaggina. É uma jogada de marketing inteligente da Fiat, que, com mais este modelo a sair da plataforma do 500, prolonga a longevidade de um modelo que já por duas vezes, em épocas bem distintas da sua história, ajudou a reabilitar a casa transalpina.

Com a chamada “silly season” em pleno gás, outros modelos surgem associados à praia, ao verão, ao calor, em suma, ao “dolce fare niente”… Exemplos do que acabo de referir são o Moke da Mini, o Mehári da Citroën, e ainda os inúmeros modelos a usar o bloco motriz do “Carocha”, cuja versão “buggy” se tornou na mais famosa de todas, proliferando por praias da América do Sul, e em inúmeras outras latitudes tropicais.

O Mehári da Citroën teve recentemente (2016) direito a reedição, desta vez em versão elétrica, sem que a mesma tenha, no entanto, causado o impacto que o Méhari original teve na sua época! A simplicidade de construção e utilização foram princípios básicos que sempre nortearam a construção destes veículos, e razões principais do seu sucesso.

No caso do Mehári original, a plataforma utilizada foi a já de si simples plataforma do 2 CV, à qual se juntou uma estrutura tubular e plástico moldado. Já o Mini Moke, ainda que aparente possuir uma maior rigidez estrutural, mais não é do que um Mini despido, reforçado estruturalmente com um roll-bar para fazer face a um possível capotamento. Ambos os modelos a determinada altura tiveram mão-de-obra portuguesa, e estão intimamente ligados ao nosso País, mas isso será tema a tratar numa edição posterior.

O sucesso do Mehári original, e dos restantes modelos que aqui designamos de “veículos de praia”, prende-se com a facilidade de utilização, capacidade de armazenamento e até facilidade de limpeza que cada um destes exemplos evidencia. Quem já fruiu desta experiência sabe que o simples exercício de meter as toalhas de praia molhadas, os chapéus-de-sol cheios de areia, e saltarmos de calções molhados para dentro de um destes veículos é a cereja no cimo do bolo de um dia de verão.

Para além destes modelos, podemos também referir a Citroën Dyane e até a Renault 4, como veículos que, para além da facilidade de utilização e manutenção, sempre evidenciaram uma natural apetência para utilização off-road, e que, nos anos 60 e 70 muito terão contribuído para que se pudesse aceder a praias recônditas e dunas desertas por esse País fora.

Para além de todos os aspetos que aqui evidenciamos, há um certo charme associado à utilização despreocupada destes veículos pelos seus proprietários, e que, passados estes anos todos, continuam a ser sinónimo de bom gosto na hora de escolher o “bote” ideal para chegar à praia.

A confirmar isto que vos digo, estão os preços praticados atualmente pelos proprietários destes veículos utilitários, não sendo espanto para ninguém que por um MINI Moke se pague atualmente cerca de 18.000.00€, ou se transacionem Citroën Mehári por cerca de 25.000.00€! Custos à parte, estes pequenos veículos continuarão a ser os nossos melhores companheiros da época estival, e a indústria ainda não nos presenteou um qualquer sucedâneo elétrico que cumpra a função com a souplesse e estilo dos exemplos que o Jornal dos Clássicos aqui vos deixa.

Pedro Pais Cardoso/Jornal dos Clássicos

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