Ferrari 250 GT/L, o mais bonito de sempre?

28/09/2017

A Ferrari demorou quase 15 anos a produzir um automóvel de turismo minimamente competente. Até ao Ferrari “Lusso” de 1962, todos os seus modelos estavam demasiado próximos dos requisitos da competição para serem verdadeiramente utilizáveis em deslocações mais triviais. Existiu quase sempre um desequilíbrio entre a qualidade superlativa – mas exigente – dos seus motores, e um chassis (suspensões, rigidez, travões) bastante inferiores.

Foi com o 250 GT, primeiro com uma distância entre-eixos de 2,6 metros, depois, com 2,4 metros, recebendo neste caso a designação não oficial de SWB (“Short Wheel Base”, ou distância curta entre-eixos). Este último era uma formidável máquina de competição, mas para além da versão “Competizione” em alumínio, existia outra, com carroçaria em aço, que recebeu a alcunha de “Lusso” e, supostamente, teria uma especificação mais vocacionada para utilização de turismo.

Quando o 250 GTO substituiu o 250 GT SWB nas corridas, foi apresentado, no Salão de Paris de 1962, um modelo especificamente desenvolvido para uma utilização civil, chamado 250 GT/L Berlinetta. O “L” nunca foi oficialmente explicado como representando a palavra “Lusso”, mas foi assim entendido por todos até hoje.

Partilhava a mesma distância curta entre-eixos e os travões de disco Dunlop do SWB e do GTO, utilizando a suspensão e a caixa de quatro velocidades deste – o GTO tinha caixa de cinco velocidades. O motor V12 dos modelos de competição, concebido por Gioacchino Colombo, debitava entre os 280 e os 300 CV. O “Lusso” tinha uma versão mais disponível a baixos regimes, com 250 CV, suficiente para atingir 236 Km/h e acelerar dos zero aos 100 Km/h em apenas oito segundos.

Mas o aspecto em que o 250 GT/L mais se destacava era na sua estética, assinada pela Pininfarina, com uma silhueta esguia e muito elegante. Na frente, um pára-choques mínimo. Na traseira, um corte abrupto, encimado por um pavilhão diagonal de suportes finíssimos. Foi dos últimos Ferraris a usar as jantes de raios Borrani e era, por alguns, incluindo o próprio Enzo Ferrari, considerado demasiado bonito e feminino para um Ferrari.

O interior apresentava um nível de requinte inédito para um automóvel da marca. O comando da caixa tinha um fole, escondendo a mítica, mas também óbvia, grelha em duplo H. O velocímetro e o conta-rotações estavam ao centro de um tablier minimalista, enquanto à frente do condutor pontificavam cinco diminutos mostradores com as informações secundárias. Numa estreia importante, até o compartimento para a bagagem, atrás dos bancos, estava integralmente forrado a pele.

O Ferrari 250 GT/L foi produzido em apenas 350 exemplares, entre 1962 e 1964 e continua a ser considerado um dos mais belos modelos da marca.

Este e outros modelos icónicos da Ferrari podem agora ser vistos na exposição temporária “Ferrari: 70 anos de paixão motorizada”, patente no Museu do Caramulo.

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