Este projecto foi iniciado em 1968 pelo engenheiro Erich Waxenberger, com o objectivo de colocar o maior e mais potente motor do Mercedes-Benz 600 no 300 SEL. Como os resultados foram muito surpreendentes, a Mercedes-Benz decidiu dar luz verde à produção e a sua apresentação decorreu no Salão de Genebra de 1968.
O 300 SEL 6.3 está equipado com o motor V8 M100 de 6.3 litros de cilindrada, com injecção de combustível Bosch, debitando cerca de 250cv às 4000rpm e 500Nm de binário às 2800rpm. Para o luxo não ser descorado, a Mercedes-Benz equipou o 300 SEL 6.3 com uma caixa automática de quatro velocidades. Este automóvel ficou conhecido por conseguir ir em velocidade de cruzeiro a 200 km/h, mantendo os seus ocupantes em pleno conforto. Os 100 km/h eram atingidos em 6,6 segundos, um valor muito bom para a época.
Além deste enorme motor, o 300 SEL 6.3 estava também equipado com suspensão a ar, discos de travão ventilados nas quatro rodas, assim como vidros eléctricos, fecho central e direcção assistida.
Apesar das excelentes prestações do motor, o seu objectivo primordial era o luxo, logo não seria a escolha ideal para competir nas pistas, no entanto, a AMG não pensou da mesma forma. Na época ainda independente da Mercedes-Benz, a AMG era uma pequena empresa de modificações, fundada por dois antigos engenheiros da marca alemã, Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher.
A primeira coisa que a AMG alterou foi a cilindrada do motor, aumentando-a para os 6,8 litros, além de novos comandos de válvulas, árvores de cames alteradas, bielas mais leves, o aumento da taxa de compressão, novos colectores, borboleta de admissão de corpo duplo, um escape direto, um radiador para o óleo do motor e uma cambota nova. No final da sua carreira desportiva, o motor já debitava cerca de 428cv. A sua velocidade máxima passou dos 220 km/h para os 260 km/h.Para reduzir ao máximo o peso deste automóvel, os painéis originais foram substituídos por uns idênticos, mas produzidos em alumínio, os bancos foram retirados e o interior foi desprovido do que não era necessário. O seu peso passou para os 1635 quilos, um número ainda elevado para o peso de um automóvel de competição. Ainda assim, temos que considerar que tudo o resto foi mantido, como a caixa automática e a suspensão a ar.
Este modelo acabaria por ser conhecido por “Red Pig“, ou em português, “Porco Vermelho” devido às suas dimensões generosas e à sua cor vermelha. Para a surpresa de todos, acabaria em segundo lugar à geral e primeiro da classe nas 24 Horas de SPA de 1971.
Após a sua carreira desportiva, a AMG necessitava de dinheiro para iniciar outros projectos e o automóvel seria vendido à Matra, para o utilizar como veículo de testes para os trens de aterragem dos bombardeiros a jacto. É certo que após ser utilizado para esse fim seria destruído, pois o automóvel nunca mais foi visto, e assim se perdeu um dos modelos mais importantes da AMG.
Em 2006, sabendo da importância histórica deste automóvel, a Mercedes-Benz decidiu construir uma réplica deste 300 SEL 6.3, para expor no seu museu, cumprindo todo o projecto original da AMG.