Mercedes-Benz 300 SEL 6.3, o primeiro automóvel de competição da AMG

25/02/2022

Em 1968 a Mercedes-Benz lançou um automóvel de luxo de alta performance designado por Mercedes-Benz 300 SEL 6.3, com base no 300 SEL W109. No total, este automóvel pesa mais de 1700 quilos, no entanto, as prestações do motor compensavam o seu peso. Até 1972, a Mercedes-Benz produziu um total de 6526 exemplares do 300 SEL 6.3, sendo hoje um automóvel bastante procurado por coleccionadores, apesar de ter um elevado custo de manutenção.

Este projecto foi iniciado em 1968 pelo engenheiro Erich Waxenberger, com o objectivo de colocar o maior e mais potente motor do Mercedes-Benz 600 no 300 SEL. Como os resultados foram muito surpreendentes, a Mercedes-Benz decidiu dar luz verde à produção e a sua apresentação decorreu no Salão de Genebra de 1968.

O 300 SEL 6.3 está equipado com o motor V8 M100 de 6.3 litros de cilindrada, com injecção de combustível Bosch, debitando cerca de 250cv às 4000rpm e 500Nm de binário às 2800rpm. Para o luxo não ser descorado, a Mercedes-Benz equipou o 300 SEL 6.3 com uma caixa automática de quatro velocidades. Este automóvel ficou conhecido por conseguir ir em velocidade de cruzeiro a 200 km/h, mantendo os seus ocupantes em pleno conforto. Os 100 km/h eram atingidos em 6,6 segundos, um valor muito bom para a época.

Além deste enorme motor, o 300 SEL 6.3 estava também equipado com suspensão a ar, discos de travão ventilados nas quatro rodas, assim como vidros eléctricos, fecho central e direcção assistida.

Apesar das excelentes prestações do motor, o seu objectivo primordial era o luxo, logo não seria a escolha ideal para competir nas pistas, no entanto, a AMG não pensou da mesma forma. Na época ainda independente da Mercedes-Benz, a AMG era uma pequena empresa de modificações, fundada por dois antigos engenheiros da marca alemã, Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher.

A primeira coisa que a AMG alterou foi a cilindrada do motor, aumentando-a para os 6,8 litros, além de novos comandos de válvulas, árvores de cames alteradas, bielas mais leves, o aumento da taxa de compressão, novos colectores, borboleta de admissão de corpo duplo, um escape direto, um radiador para o óleo do motor e uma cambota nova. No final da sua carreira desportiva, o motor já debitava cerca de 428cv. A sua velocidade máxima passou dos 220 km/h para os 260 km/h.

Para reduzir ao máximo o peso deste automóvel, os painéis originais foram substituídos por uns idênticos, mas produzidos em alumínio, os bancos foram retirados e o interior foi desprovido do que não era necessário. O seu peso passou para os 1635 quilos, um número ainda elevado para o peso de um automóvel de competição. Ainda assim, temos que considerar que tudo o resto foi mantido, como a caixa automática e a suspensão a ar.

Este modelo acabaria por ser conhecido por “Red Pig“, ou em português, “Porco Vermelho” devido às suas dimensões generosas e à sua cor vermelha. Para a surpresa de todos, acabaria em segundo lugar à geral e primeiro da classe nas 24 Horas de SPA de 1971.

Após a sua carreira desportiva, a AMG necessitava de dinheiro para iniciar outros projectos e o automóvel seria vendido à Matra, para o utilizar como veículo de testes para os trens de aterragem dos bombardeiros a jacto. É certo que após ser utilizado para esse fim seria destruído, pois o automóvel nunca mais foi visto, e assim se perdeu um dos modelos mais importantes da AMG.

Em 2006, sabendo da importância histórica deste automóvel, a Mercedes-Benz decidiu construir uma réplica deste 300 SEL 6.3, para expor no seu museu, cumprindo todo o projecto original da AMG.