Yamaha OX99-11 V12, o Fórmula 1 para a estrada

12/08/2019

O Yamaha OX99-11 V12 é um desportivo que deveria ter entrado em produção em 1994. Foi desenhado pela subsidiária da Yamaha, que produzia os seus motores para a Fórmula 1, a Ypsilon Technology em conjunto com a IAD, uma consultora de engenharia britânica.

A Yamaha começou a competir na Fórmula 1 como fornecedor de motores para a equipa Zakspeed, em 1989. Utilizando a experiência ganha nesta competição, queria produzir um automóvel superdesportivo baseado na tecnologia da Fórmula 1. Mesmo com o projecto da Fórmula 1 a não correr pelo melhor, em 1991 a equipa decidiu produzir um novo motor, o OX99 para a Brabham e, com isso, iniciou-se o desenvolvimento do modelo de estrada, contactando uma empresa alemã para desenhar a versão inicial do protótipo. A Yamaha não ficou contente com o resultado, pois aproximava-se demasiado aos desportivos da altura, então eles contactaram a IAD para continuar a trabalhar no projecto.

No início do ano de 1992, apenas 12 meses após o início dos trabalhos no projecto, a IAD apresentou a versão inicial do automóvel. O design foi realizado por Takuya Yura e foi concebido como um monolugar. No entanto a Yamaha requisitou um veículo de dois lugares e foi sugerido que se montasse um segundo lugar atrás do condutor, em tandem, como nas motos, mercado onde a Yamaha tem mais experiência, mas os passageiros ficam sem espaço atrás e não consegue ver para a frente. Isto resultou num design radical, inspirado nos automóveis de Grupo C, com o tejadilho todo em vidro.

Outras especificações notáveis era o mesmo chassis em fibra de carbono e o motor OX99 do automóvel de F1, essencialmente para dar uma melhor experiência de um puro automóvel de competição. A carroçaria era toda em alumínio, construída à mão. O Yamaha OX99-11 tem uma única porta, que abre para cima, designada de “canopy door” que substitui as duas portas convencionais.

O motor que equipa este protótipo é o OX99 de Fórmula 1, mas foi retirada potência para poder ser mais cómodo o seu uso em estrada. É um V12 de 3.5L com 60 válvulas, debitando 400 cv às 10.000 rpm. Foi montado numa posição central traseira, como na Fórmula 1. A potência é transmitida às rodas traseiras através de uma caixa manual de seis relações, construída pela FF Developments com embraiagem multidisco AP Racing e diferencial autoblocante. Atinge os 100 km/h em 3,2 segundos e tem uma velocidade máxima de 350 km/h. A suspensão é de triângulos sobrepostos nas quatro rodas com pushrod. Os travões são da AP Racing, com maxilas de seis pistons da frente e quatro atrás. As jantes são em liga de magnésio com pneus Goodyear Eagle F1. O OX99-11 tem um peso de 1150 kg.

No entanto, desentendimentos entre a IAD e a Yamaha sobre o orçamento do projecto, levou a que a Yamaha retirasse o projecto à IAD e o desse à Ypsilon Technology, dando seis meses para a conclusão do mesmo, caso contrário, seria cancelado. Para piorar, naquela altura o Japão estava a meio de uma crise económica, que levou a Yamaha a acreditar que não teria clientes para o seu superdesportivo, pois era expectável ter um preço de cerca de 800 mil dólares.

Eventualmente o projecto foi adiado para 1994, antes de ser finalmente cancelado. Um total de três protótipos foram construídos pela IAD, um preto, outro vermelho e por fim um verde, que ao início não tinha pintura, pois era o automóvel de testes e foi usado num teste nocturno para não ser visto e posteriormente foi pintado de verde. Foi ainda produzido um chassis com motor, para mostrar como o OX99-11 era construído.

Recentemente, o exemplar verde foi colocado à venda por cerca de um milhão e trezentos mil dólares.

Tiago Nova / Jornal dos Clássicos

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