Mercedes-Benz 300 SL Roadster: Beleza sem idade

22/10/2022

Quando Maximilian Hoffman embarcou em Lisboa com destino aos Estados Unidos da América em 1939, e estaria longe de pensar em tornar-se responsável por um dos principais meteoros que passaram no firmamento da Mercedes-Benz: o 300 SL.

Atentos a este fenómeno, dois fabricantes de brinquedos, um inglês e outro dinamarquês, deitaram mãos à obra e criaram duas miniaturas, que desde a década de 50 têm mantido a sua estrela a cintilar: a Corgi e a Tekno.

No início da década de 50, após a ausência no mundo automóvel devido à Segunda Guerra Mundial, os Mercedes-Benz voltam à competição para confrontar marcas como a Jaguar, Alfa-Romeo e Ferrari.

A prova escolhida foi as Mille Miglia de 1952 e a Mercedes-Benz não poupa meios para criar e aparecer com um automóvel super competitivo, cuja sigla será 300 SL, devido à sua cilindrada de 3,0 litros e à sua carroçaria Sport Leicht (Leve).

O sucesso deste automóvel nas corridas levou Max Hoffman, que então se tornara uma referência na América no que se trata da importação de automóveis europeus como os BMW 507 e os Porsche (foi dele que teve a ideia do 356 Speedster e importou o automóvel do James Dean), a desafiar a Mercedes-Benz a criar uma versão de estrada do 300 SL, e que ele iria assumiria o compromisso de importar 1000 modelos. O que veio a acontecer a partir de 1954, aquando da apresentação em Nova Iorque da versão de estrada, com as originais portas que os franceses designaram por «papillon» (borboleta) e os ingleses por «gullwing» (asas de gaivota). Curiosamente, os primeiros dos 1400 modelos produzidos até 1957 foram vendidos na Europa.

O ano de 1955 é manchado pelo trágico acidente nas 24 Horas de Le Mans, onde um dos sete 300 SLR (R de Racing) que foram construídos, acabou por aterrar em cima das bancadas, vitimizou 82 pessoas, o que levou a Mercedes-Benz a anunciar a sua retirada do desporto motorizado de alto nível.

Em 1957, a conselho de Hoffman, pois as senhoras tinham muita dificuldade em sair do “gullwing”, surge o sedutor 300 SL roadster (versão aberta) dos quais foram fabricados, até 1963, 1858 exemplares.

Em Portugal, após a Segunda Guerra Mundial, o representante da Mercedes-Benz passou a ser a Sociedade C. Santos, que foi criada em 1912 pelo engenheiro Carlos Santos, o Conde de Caria e o seu genro Boaventura Mendes de Almeida. Esta versão aberta do 300 SL foi comercializada pouco acima dos 300 contos. Um valor que dava para comprar quatro Volkswagen carocha, novos. Daí só terem sido importados oito exemplares.

Para quem sempre teve a ambição de possuir um destes automóveis, mas nunca teve hipótese de a materializar, a solução mais próxima à época eram as miniaturas da Corgi Toys. Os primeiros modelos 300 SL roadster da Corgi Toys (o terceiro estrangeiro a ser produzido) apareceram em Agosto de 1958 por 24 escudos e foram descontinuados em 1967. Durante este período comercializaram-se cerca de 30 versões com combinações de diferentes cores, baseadas em pequenas alterações. Até 1961 os modelos não tinham suspensão, sendo a partir dessa data que a passaram a ter, estando essa indicação mencionada na caixa, logo a seguir à referência numérica com a letra S, havendo também modelos com condutor e sem ele, assim como versões com capota metálica (hard-top).

Este modelo foi concebido com a preciosa ajuda da Mercedes-Benz, que na altura facultou todos os elementos para que o molde saísse com todas as medidas correctas. A escala ficou-se pela 1/46. Mais de um milhão destes modelos foram fabricados, mas o certo é, que de algumas destas variantes, já não existem mais que duas centenas em bom estado. O calcanhar de Aquiles deste modelo é o seu pára-brisas, que se quebra facilmente. Apesar dos ingleses afirmarem que é quase impossível substituir o pára-brisas sem abrir o modelo, destruindo os seus rebites, o certo é que tal feito já tem sido conseguido, com muita técnica, por coleccionadores lusos.

Em 1962 a dinamarquesa Tekno, apresenta um “revolucionário” 300 SL Roadster à escala 1/43, cuja característica principal era a possibilidade de ser desmontado e ter inúmeras funcionalidades que se assemelhavam às do verdadeiro automóvel. O brinquedo vinha com um pneu sobresselente, abri as portas, capot e bagageira e tinha as rodas direcionais ao pressionar o guarda-lamas (a Corgi estreara este gadget um ano antes no Bentley Continental) eram a mais-valia deste modelo.

Este molde foi utilizado até à exaustão, tendo acabado já na década de 70 na espanhola Joal.

Falar do 300 SL é falar da essência da Mercedes-Benz tal é a sua elegância e a sua substância, algo que só os “Dream Cars” possuem. Mas como o sonho comanda a vida… nunca se sabe quando acaba em realidade uma mudança de escala.