Renault vai cortar nos diesel e apostar nos elétricos

14/10/2017

Na revelação do seu plano estratégico até 2022 a marca anunciou um total de 20 modelos eletrificados, onde se incluem 12 híbridos e 8 propostas 100% elétricas, de forma a conseguir aumentar as vendas mesmo com a redução dos veículos diesel

A Renault revelou na última semana a sua estratégia até 2022, num plano onde vai ter grande força a mobilidade elétrica e a condução autónoma. Os diesel, por sua vez, são os grandes “derrotados”, com o objetivo expresso de diminuir o seu papel nas vendas do fabricante gaulês (além da própria Renault também controla a Dacia, a Lada e trabalha em parceria com a Brilliance na China), que coloca o seu foco na manutenção da liderança do mercado mundial de viaturas de emissões 0, mesmo tendo em conta o forte investimento previsto por rivais como o Grupo VW. Entroncando no objetivo estabelecido pela Aliança Franco-Nipónica, que integra, de manter a liderança do mercado, a Renault pretende aumentar as suas vendas para 5 milhões de unidades anuais em 2022 (+40% que os 3,56M de 2016) e conseguir duplicar a sua performance comercial fora do continente europeu.

Motores e Tecnologia

Nas motorizações é o alargamento da gama de veículos eletrificados que merece o destaque da marca, desde logo com o lançamento de 8 modelos 100% elétricos ao longo dos próximos cinco anos para se juntarem a propostas como o Zoe. Para atingir o objetivo de fabricar 80% dos seus automóveis com recurso a plataformas modulares, um dos trunfos será a nova base para veículos elétricos destinada a automóveis entre os segmentos B e D. A oferta vai começar com um modelo para o segmento C, que será um dos três novos SUVS que a marca pretende lançar ao longo do plano (onde deverá incluir-se o irmão do Captur para a Europa).

Além disso, vão surgir 12 automóveis híbridos, algo para que poderá ser importante a tecnologia oriunda da Mitsubishi, enquanto os diesel saem “derrotados”, com a marca do losango a antecipar-se às restrições que estes modelos vão sofrer. Segundo é avançado, o objetivo passa por reduzir em 50% a oferta a gasóleo, que vão passar a ser disponibilizados em apenas uma família de motorizações ao contrário das atuais três. Esta transição já está a ser preparada, por exemplo, na maior fábrica de motores da marca na Europa, em Valladolid, em adaptação para começar a produzir mais blocos a gasolina. De momento esta unidade a 200km de Madrid tem um “mix” de 70% de motores a gasóleo e 30% a gasolina, mas o objetivo passa por, brevemente, ter percentagens idênticas (50-50) para as duas famílias de propulsores.

Outro campo tecnológico onde a Renault vai “jogar as suas fichas” é a condução autónoma. Até 2022 serão 15 modelos a receber capacidades de condução autónoma entre os níveis 2 e 4, onde se inclui, como tínhamos avançado na última semana, a inclusão destes atributos no segmento B já com o Clio em 2019. Os modelos eletrificados serão, aliás, os escolhidos para anunciar a chegada destes sistemas de automatização.

Os números da estratégia

A Renault anunciou que, além de aumentar as suas vendas para 5 milhões de automóveis, reviu em alta os seus objetivos para a margem operacional a atingir, que será de 7%, e das receitas, pretendendo alcançar um total anual de 70 mil milhões de euros. Para isso vai obter poupanças com ganhos de eficiência, por exemplo através das sinergias da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que por ano podem ascender a 4,2 mil milhões de euros. Já no lançamento dos novos modelos a marca vai investir 18 mil milhões de euros ao longo do plano. Outra forma de atingir estes objetivos vai ser um aumento de preço que a distancie de concorrentes atuais como a Hyundai, Skoda ou Ford. Além disso, a Renault pondera a abertura de um total de 800 espaços comerciais mais próximos das pessoas, localizados em locais como centros comerciais. Eles vão complementar a “tradicional” rede de concessionários e garantir que a marca está mais próxima dos clientes, marcando presença nos locais onde elas habitualmente se deslocam.