“Os resultados foram desastrosos, mas as pessoas o oposto” Ari Vatanen

02/04/2019

A Turbo falou com Ari Vatanen, um dos pilotos que vai estar em Portugal no Estoril Classics Weekend. Deixando elogios aos portugueses, o piloto finlandês recordou os melhores e o pior carro da carreira e ainda comentou a possibilidade de carros elétricos surgirem nos ralies.

Em entrevista à Revista Turbo por ocasião do lançamento do Estoril Classics Week, Ari Vatanen explicou que a razão pela qual se encontra envolvido com este projeto no Estoril, é simplesmente por paixão a esta zona do nosso país. “Lembro-me da primeira vez que aterrei cá, era de noite e nem sabia bem onde estava. Foi aqui neste Hotel, que abri as cortinas de manhã e fiquei rendido aquele mar… os resultados desportivos cá foram desastrosos, mas as pessoas o oposto”.

Vatanen revelou ainda que em Outubro irá participar, pelo menos no ‘Rally Portugal Histórico’, ao volante do Opel Ascona. A fazer-lhe companhia estará Giacomo, que deverá fazer parte da grelha da ‘Spirit of Speed Bikes’ ao lado da sua MV Augusta. Durante esta pequena conversa tivemos ainda oportunidade de falar sobre a sua carreira e da possível entrada de carros elétricos nos rallies, uma possibilidade que ele não acredita que será a curto prazo.

Durante a sua carreira, qual foi o carro mais difícil/fácil de guiar?

– “O Opel (Ascona) foi sem dúvida o mais difícil. Nunca aprendi totalmente a conduzir o Opel. Era um bom carro, mas difícil de guiar. Este ano irei conduzir esse mesmo carro. Se este foi o mais difícil para mim, os mais fáceis terão sido o Ford Escort RS e o Peugeot 205”.

Depois de tantos retrocessos, um dos quais quase terminou com a sua carreira, qual foi o segredo para um dos regressos mais vitoriosos da história, onde venceu quatro vezes o Paris-Dakar em apenas 5 anos e com dois carros diferentes.

– “Não acho que se consiga ser tão linear e mecânico. É algo natural, como a necessidade de bebermos um copo de água quando temos mesmo muita sede. Talvez o segredo passe por sabermos que estamos vivos e que não somos apenas espectadores da nossa vida. Somos os atores que participamos nas ações. Não pensamos nos prós nem nas consequências das nossas ações, apenas nos queremos sentir vivos. Tu apenas sentes que és feliz quando conduzes. E assim conduzes bem”.

O Ari encontra-se envolvido em diversos projetos no desenvolvimento do desporto automóvel. Qual o conselho que deixa para a nova geração de pilotos de ‘rallye’?

– “Não existe uma resposta na realidade. Temos de entender que muito poucos irão chegar a vencer um Campeonato Mundial. Apenas posso dizer que trabalhem muito e que coloquem as expectativas muito altas. Aí sim! Depois, independente do resultado, lembra-te que viveste intensamente, uma vida com significado. Isso é o que importa, não és um espectador da vida, estás no meio da tempestade. Isso é o que importa na vida. Tens de te lembrar que no desporto motorizado os retrocessos são sempre mais que as vitórias. é assim a vida, lembrar sempre encaramos os desafios da vida. É assim que é.”

Vislumbra um futuro para os carros elétricos no mundo dos ‘Rallyes’?

– “Bem, pelo menos para curtas distâncias sim (risos). Talvez até para longas distâncias, mas não num futuro próximo. Sabes, é muito difícil bater um motor térmico, são muito versáteis. Claro que estes carros encontraram o seu nicho, mas os motores a combustão irão perdurar por muito, muito tempo, connosco”.

Foto: Wikipedia