Demorei quatro horas a chegar a Katmandu.
Já não se vêm hippies a cair pelos cantos com seringas espetadas nos braços, mas a cidade é feia, muito suja e com muitas ruas em terra e muito trânsito a levantar um pó que nos entra pelos ouvidos. A maioria dos polícias e alguma da população desloca-se de máscaras na cara. Instalei-me em Themal, um bairro de ruas estreitas onde estão a maioria dos hotéis. Vêm-se turistas de todas as nacionalidade que partem manhã cedo em grupos reunidos em carrinhas de nove lugares, para irem fazer caminhadas pelas montanhas, regressando ao fim do dia.
A cidade tem pouco que ver para além de alguns templos religiosos. Fui visitar o principal de Buddha, que no alto de um monte, nos obriga a subir tantos degraus como os dias do ano. Um jovem guia contou-me que o templo existe há 2500 anos mas como a maioria da população é hindu, de há uns séculos para cá tem mistura de partes budistas com hindus, com os vários deuses a compartirem o espaço.
Buddha nasceu cerca de 500 anos antes de cristo em Lumbini, uma cidade que agora faz parte do Nepal. Do alto do templo a vista sobre a cidade, de prédios baixos mas decrépitos que se estende a perder de vista, com os Himalaias ao fundo, é impressionante.
O Nepal é um país muito pobre que vive das remessas de emigrantes (cerca 10% dos 27 milhões de habitantes), da agricultura e do turismo.Mas Katmandu também pode surpreender e ontem, quando à noite procurava um restaurante para jantar no meio das ruas de terra estreitas e pouco iluminadas, fui atraído pela sinalização e aspecto exterior de um restaurante no fim de um beco: “New Orleans”. Fui até lá e parecia ter entrado num restaurante americano, com um ambiente fantástico, bem decorado e óptima música.
Hoje, quando voltei do templo, também decidi ir almoçar a um que a fachada me tinha chamado a atenção quando passei de moto, e fiquei deslumbrado. Em pleno centro de Katmandu, do meio da confusão surge um letreiro dourado bem polido que indica “Dream Gardens”. Entrei e deparei com este restaurante montado no que terá sido uma casa fabulosa, com um bem tratado jardim que ocupa quase um quarteirão. Fantástico.
Amanhã parto a caminho do Butão. Embora sejam pouco mais de 800 Km, com a passagem de duas fronteiras, (volto a entrar na India, desta vez pelo lado oriental do Nepal) devo demorar 4 dias a lá chegar.