Qualidade do ar em Portugal vai piorar em 2050

19/07/2018

Apesar de se prever uma diminuição da emissão de poluentes para a atmosfera, a qualidade do ar em Portugal Continental e, por via disso, o ambiente e a saúde pública vão continuar a degradar-se de forma preocupante até ao final do século. O alerta é da Universidade de Aveiro.

A qualidade do ar em Portugal continental e, em consequência, o ambiente e a saúde pública vão continuar a degradar-se de forma preocupante até ao final do século. Isto apesar de se prever uma diminuição da emissão de poluentes para a atmosfera. As conclusões são de um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) que, num trabalho inédito, estimou de que forma as alterações climáticas e as condições meteorológicas que se avizinham vão afetar a qualidade do ar em Portugal na última metade do século XXI.

“A degradação da qualidade do ar esperada entre 2050 e 2100 para alguns poluentes, apesar da redução das respetivas emissões fruto das imposições da Comissão Europeia, é justificada pelas condições meteorológicas mais quentes e secas [em 2100 o planeta estará em média mais quente 4ºC] que conduzem a um aumento das concentrações de fundo e a uma menor deposição e dispersão”, aponta Alexandra Monteiro, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA.

O cenário, segundo esta investigadora, trará para a última metade deste século uma certeza: “A proteção da saúde humana será ainda mais crítica no futuro”.

Os dados apresentados pela UA, desvenda Alexandra Monteiro, coordenadora do estudo publicado recentemente na revista Air Quality, Atmosphere & Health, “confirmam bem a complexidade do sistema atmosférico e da poluição do ar, em particular, revelando que a sua natureza depende de múltiplos fatores, que incluem não só o que é emitido para a atmosfera pelo Homem e pela natureza, mas também das condições físicas de dispersão e transporte dos poluentes, ditadas pela meteorologia”.

É que “mesmo que a redução de emissões espectável para 2050 se verifique, fruto da legislação europeia que, ainda assim, é menos exigente do que as recomendações da Organização das Nações Unidas, as alterações climáticas e as condições meteorológicas previstas para este futuro de médio prazo deverão conduzir a um aumento das concentrações de poluentes”, declaram os responsáveis da UA.

Deterioração do ar é inevitável

“Apesar do combate e mitigação das alterações climáticas dever ser feito, prevê-se que haja alterações inevitáveis e já não passíveis de resolver”, antevê Alexandra Monteiro. Ainda assim, para minimizar os danos, é urgente diminuir ainda mais as emissões da responsabilidade do Homem.

“Mas para que isto seja feito de uma forma eficiente e duradoura é urgente uma estratégia e implementação conjunta entre países e continentes, uma vez que a poluição do ar não tem fronteiras nem limites políticos”, lembra a investigadora do CESAM.

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