Há uma cidade inteligente e futurista a nascer na Arábia Saudita: e não terá carros, nem estradas

14/01/2021

A Arábia Saudita deu a conhecer planos para uma cidade zero carbono, a qual irá inserir-se dentro da zona NEOM que tem vindo a ser projetada e que pretende ser um centro de negócios futurista.

Construída ao longo da costa do Mar Vermelho, esta eco-cidade com “zero carros, zero estradas e zero emissões de carbono” terá capacidade para acolher um milhão de residentes e compromete-se a preservar 95% das áreas naturais envolventes.

A cidade dá pelo nome de “The Line” por um motivo: o empreendimento é desenvolvido numa linha de território de 170 km de extensão.

A construção está prevista para começar no primeiro trimestre deste ano e será a primeira peça do puzzle maior que é o projeto NEOM (ver destaque na parte inferior do artigo).

Numa rara aparição televisiva, foi o próprio príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, a anunciar o lançamento da cidade, neste passado domingo, sendo demonstrativo de que o projeto está a ser levado muito a sério pela Arábia Saudita.
Da esquerda para a direita: Tariq Al-Tamimi (Presidente da Tamimi Global Co. Ltd.), Nadhmi Al-Nasr (CEO da NEOM) and Malek Antabi (Presidente e CEO da empresa saudita de comércio e construção).

Esta metrópole do futuro contará com tudo aquilo que uma cidade tem: escolas, postos de saúde, centros de pesquisa, espaços verdes, zonas empresariais e polos desportivos (incluindo desportos radicais, graças ao potencial criado pelos cenários envolventes). Porém, a novidade é que irá descartar os automóveis e apostará na promoção de modos de vida saudável.

Com um sistema de transporte público de alta velocidade (alguns subterrâneos), soluções de mobilidade autónoma e equipamentos de baixo impacto de carbono, a viagem de uma ponta à outra desta cidade não deverá requerer mais do que 20 minutos, segundo a organização.

“Ao longo da história, as cidades foram construídas para proteger os seus cidadãos. Após a Revolução Industrial, as cidades deram prioridade às máquinas, automóveis e fábricas em detrimento das pessoas. Em cidades consideradas as mais avançadas do mundo, as pessoas passam anos das suas vidas a se deslocarem”, declara o Príncipe Herdeiro para justifica a disponibilização de meios expeditos e confortáveis das pessoas se movimentarem nesta nova cidade inteligente.

NESTA CIDADE SEM CARROS, A PRIORIDADE SERÁ DADA AOS PEÕES. AQUI NÃO HAVERÁ SEQUER ESTRADAS.

A “The Line” será uma cidade inteligente, com a digitalização e a Inteligência Artificial a terem um papel importante no empreendimento.

Apesar da Arábia Saudita ser um dos principais países produtores de petróleo do mundo e o maior exportador de crude do planeta, o fornecimento da energia será proveniente de fontes 100% renováveis, com o objetivo de proporcionar uma nota de sustentabilidade ao projeto e um sinal de que esta nação da OPEP pretende também começar a fazer a sua adaptação aos novos tempos.

Só em termos de infraestruturas, estima-se que o investimento nesta cidade oscile entre 82 mil milhões de euros e 164 mil milhões de euros.

A espinha dorsal do investimento na urbe “The Line” virá do apoio de 411 mil milhões de euros atribuído ao NEOM por governo saudita, fundos de investimento públicos e investidores locais e globais ao longo de 10 anos.

“Por que devemos sacrificar a natureza em prol do desenvolvimento? Por que sete milhões de pessoas morrem todos os anos por causa da poluição? Por que devemos perder um milhão de pessoas todos os anos devido a acidentes de trânsito? E por que devemos aceitar perder anos das nossas vidas para irem para o trabalho diariamente?”, questiona Mohammed bin Salman.

Por essas razões – prossegue o governante saudita – “precisamos de transformar o conceito de uma cidade convencional no conceito de uma cidade futurista”, na qual a prioridade será dada a formas sustentáveis de locomoção: a pé (a lógica será erguer uma cidade que possibilite que, em cinco minutos, qualquer habitante chegue a um local com natureza), de bicicleta e em veículos elétricos pessoais.

NEOM: MEGA INVESTIMENTO QUE PROJETA UM FUTURO SUSTENTÁVEL NUMA ARÁBIA SAUDITA QUE QUER FAZER TAMBÉM O SEU CAMINHO PARA LÁ DO PETRÓLEO.

NEOM é um projeto que envolve um investimento de 411 mil milhões de euros no noroeste da Arábia Saudita. É uma empreitada a construir do zero numa área de 26.500 quilómetros quadrados, ligando a Jordânia e o Egito através do território saudita.

Este é o cenário onde o NEOM se instalará, segundo os promotores do projeto:

O projeto NEOM (termo que os responsáveis da obra afirmam querer significar “novo futuro”) foi anunciado em 2017 como algo saído de uma ficção científica, mas agora começa a ganhar forma com o arranque da cidade “The Line”.

Sabia que…
… as primeiras três letras do nome do projeto (NEO) derivam da palavra latina para “novo”, ao passo que a última letra “M”) é uma abreviação da palavra arábica “Mostaqbal” que significa “futuro”? NEOM significa, assim, “novo futuro”.

“O NEOM é uma tentativa de fazer algo que nunca foi feito antes e chega num momento em que o mundo precisa de novas ideias e novas soluções. O NEOM está a ser construído como um laboratório vivo, um destino e uma casa para pessoas que sonham grande e querem fazer parte da construção de um novo modelo de vida, trabalho e prosperidade sustentáveis” – é desta forma que os promotores da obra exibem o projeto.

A NEOM é apresentada como a visão do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, sendo uma peça central da Visão 2030 da Arábia Saudita, visando o crescimento e a diversificação da economia saudita (ainda baseada no petróleo) e o posicionamento do país para desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento global.

NEOM fica no noroeste da Arábia Saudita, ao longo do Mar Vermelho e do Golfo de Aqaba.

O NEOM baseia-se num novo modelo de sustentabilidade urbana e será um lugar focado no estabelecimento de novos padrões de saúde comunitária, proteção ambiental e uso eficaz e produtivo da tecnologia, segundo os seus responsáveis.

As estimativas apontam para que este mega investimento crie 380.000 empregos e contribua com 39 mil milhões de euros para o PIB do reino saudita até 2030.