Os 5 aspetos que a UVE quer garantidos na nova fase de cobrança de carregamentos

02/06/2020

No dia 1 de julho de 2020 termina o período transitório da rede Mobi.E, iniciando-se o pagamento dos carregamentos nos Postos de Carregamento Normal (PCN) de acesso público.

Assim, depois de, em 1 de novembro de 2018, se ter iniciado o pagamento dos carregamentos nos Postos de Carregamento Rápido (PCR) e de, em 1 de abril de 2019, terem começado os pagamentos nos carregadores localizados em espaços privados, chegou agora a vez nos Postos de Carregamento Normal (PCN) de acesso público.

Fica, deste modo, concluído o processo de concessão de toda a rede de postos de carregamento público, entrando o modelo português da mobilidade elétrica na fase plena de mercado.

O que significa na prática?

Ao Watts On, Henrique Sánchez, presidente da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, dá conta de que, “a partir de julho, toda a operação dos Postos de Carregamento da Rede Pública de Carregamento passará a ser responsabilidade dos respetivos OPC – Operadores de Posto de Carregamento”.

Isto significa em termos práticos que os utilizadores, para terem acesso a todos os postos que constituem a rede de Mobi.e, terão obrigatoriamente de ter um cartão de acesso à rede de mobilidade elétrica emitido por um dos Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME), uma vez que, com o fim da gratuidade nos carregamentos, deixará de ser possível utilizar os cartões emitidos pela Mobi.e.

“A partir de 1 de julho os cartões da Mobi.e deixarão de ser válidos para efetuar os carregamentos em toda a Rede Pública, sendo necessário que qualquer utilizador de um veículo elétrico tenha um cartão de um CEME. Qualquer cartão servirá para toda a Rede Pública de Carregamento, seja Rápida ou Normal”, esclarece Henrique Sánchez.
A partir de 1 de julho,
os cartões da Mobi.e
deixarão de ser válidos

O presidente do conselho diretivo da UVE relembra “que esta fase vem completar um processo de passagem para a fase comercial que se iniciou em novembro de 2018 com toda a rede de carregadores rápidos a começar os pagamentos, e mais tarde em abril de 2019 a serem os carregadores normais (até 22 kW em AC), desde que situados em espaços privados e de acesso público (grandes superfícies, centros comerciais, parques de estacionamento com cancela, etc,). Faltavam todos os restantes carregadores normais localizados em espaços públicos de acesso público, portanto na via pública”.

Positivo, mas…

Ao Watts On, a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, indica congratular-se com este passo decisivo para o avanço da mobilidade elétrica em Portugal e para a generalização e massificação dos veículos elétricos.

“Este era o último passo que faltava para finalmente se poder encerrar o Projeto Piloto da Mobi.e, projeto que deveria ter sido completado num ano e meio e que se arrastou por dez longos anos, fruto de várias indecisões políticas, agravadas pelo período de intervenção da Troika em Portugal”, sublinha a associação.

Todavia, há vários aspetos que devem ser assegurados para que esta transição ocorra sem percalços, deixa claro a UVE.

São, essencialmente, 5 os aspetos a ter em conta na visão da UVE:

“Esperamos que os operadores destes postos tenham, em atenção a sua correta sinalização, quer vertical, quer horizontal, assim como a devida proteção dos equipamentos tanto do sol como da chuva, para que os utilizadores de veículos elétricos não sejam discriminados em relação a todos os outros tipos de combustíveis fósseis”, diz Henrique Sánchez.

O responsável da UVE apela ainda a que os operadores tenham igualmente “especial atenção à colocação do posto em relação ao lugar de estacionamento para permitir o carregamento de qualquer marca de veículo elétrico, com a localização da tomada de carregamento na parte dianteira, de lado ou na parte traseira”.

“Estaremos atentos aos tarifários que vierem a ser anunciados pelos diversos operadores que irão passar a operar estes postos, de forma a todos os tipos de veículos elétricos, possam aceder aos mesmos, sem nenhuma penalização dependente do tipo de carregador interno que possuam ou da capacidade da respetiva bateria”, afirma Henrique Sánchez.

Aspeto também crucial para o qual a UVE alerta prende-se com a efetiva operacionalidade dos postos: “Os equipamentos abandonados, vandalizados, desligados, pelas mais diversas razões, deverão passar a estar disponíveis e com a manutenção apropriada para que seja efetivamente uma opção para todos os utilizadores de veículos elétricos que necessitam da Rede Pública de Carregamento para carregarem os seus veículos, por não terem outra opção nas suas casas”.

A UVE defende ainda a necessidade de que sejam “implementadas formas de penalizar todos os utilizadores que após o carregamento dos seus veículos os mantenham ligados aos postos”.

Mobilidade elétrica: opção cada vez mais elegida

“A pandemia da COVID-19 veio alertar-nos para a oportunidade que temos em alterar comportamentos, que tornem as cidades e as zonas metropolitanas menos poluídas, mais silenciosas, com mais fluidez do tráfego. A opção por veículos elétricos, será no futuro muito próximo uma opção cada vez mais elegida por todos nós”, declara a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos. A associação sublinha que “o ano de 2020 marcado pelas piores razões com a pandemia da COVID-19, também ficará registado pelo grande e decisivo avanço da Mobilidade Elétrica em Portugal”.