Depois da COP27 (em 2022, no Egito) e da COP28 (em 2023, no Dubai), a próxima conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP29, vai ser organizada por outro país grande produtor de petróleo, o Azerbaijão.
Com esta escolha, a cimeira da ONU sobre alterações climáticas será realizada pelo terceiro ano consecutivo num país que produz petróleo ou gás, os quais, em conjunto com o carvão, são das principais causas do aquecimento global.
“A presidência da COP28 felicita o Azerbaijão por ter sido escolhido para acolher a COP29 no próximo ano. Esperamos trabalhar em conjunto para fazer avançar ainda mais a ação climática, garantindo que mantemos 1,5°C ao nosso alcance e não deixamos ninguém para trás”, afirmou a presidência da COP28, a cargo dos Emirados Árabes Unidos.
ESTA DECISÃO VEM ADENSAR OS RECEIOS DE QUE AS DECISÕES DO CLIMA POSSAM FICAR, PELO MENOS, EM PARTE CAPTURADAS PELOS INTERESSES DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS.
O Azerbaijão depende economicamente de combustíveis fósseis: a produção de petróleo e gás representa cerca de 62% do PIB do país e mais de 92,5% das suas receitas de exportação no ano passado, de acordo com a Administração de Comércio Internacional do governo dos EUA.
As organizações da sociedade civil também referem que o Azerbaijão tem um historial fraco em matéria de direitos humanos. No Índice de Liberdade, uma classificação elaborada por uma ONG sediada nos EUA, o país é classificado como “não livre”, com uma pontuação de 9/100 em direitos políticos e liberdades civis.
O regime de Ilham Aliyev, que assumiu a presidência do país do seu pai há vinte anos, tinha, em 2022, pelo menos, 30 dissidentes políticos presos, segundo a Human Rights Watch.
O Instituto ClimaInfo afirma ainda que o Azerbaijão é o berço da indústria petrolífera moderna, com as primeiras explorações datadas do século XIX: “Assim, a COP29 acontecerá no local que testemunhou o começo da era económica que causou a crise climática que agora precisa ser enfrentada”.