A fase comercial da mobilidade elétrica em Portugal arranca a 1 de novembro – com o início do pagamento dos Postos de Carregamento Rápido (PCR) – e, neste momento, já são conhecidos alguns dos tarifários que os condutores irão pagar para carregar os seus EV nestes pontos de carga mais rápida. Alguns, mas ainda não todos.
Os carregamentos nos postos lentos continuarão a ser gratuitos, nesta fase. A partir de 1 de novembro de 2018, os atuais cartões da Mobi.e deixarão de poder ser usados nos postos rápidos, mantendo-se a sua validade unicamente para os postos lentos.
Como aqui demos conta, a fatura que será apresentada aos consumidores por carregarem num PCR será composta por três elementos:
- o custo do Operador do Posto de Carregamento (OPC);
- a tarifa do Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME);
- e as taxas diversas a pagar ao Estado.
Por enquanto e quando faltam cerca de duas semanas para o início do pagamento nos PCR, o que se conhece são os valores do custo dos OPC, ou seja, o valor a pagar por se estar a usar um posto rápido. Energia ainda excluída.
A Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) elaborou um resumo comparativo das tarifas a praticar pelos OPC da rede pública de carregamento de veículos elétricos, gerida pela Mobi.e, que aqui reproduzimos com a devida autorização. Os dois primeiros quadros na galeria referem-se a valores com IVA e sem IVA.
Seguem-se os quadros completos da Mobi.e com as tarifas a aplicar pelos diversos OPC, por posto. Por último encontra os quadros comparativos com o custo do carregamento num PCR.
Simulações feitas
De calculadora na mão, a UVE fez simulações de utilização de seis OPC: em Loures (no Parque da Cidade, do operador Mobiletric), em Santarém (na Área de Serviço da A1, do operador KLC), em Aveiras (na Área de Serviço da A1, do operador GalpGeste), em Coimbra (no parque de estacionamento no Parque Verde, do operador Prio.e), em Leiria (na Área de Serviço da A1, do operador Propel-Cepsa) e na Segunda Circular, em Lisboa (na Estação de Serviço da Repsol sentido sul/norte, do operador EDP Comercial).
Esta meia hora de carregamento dá para fornecer energia para um EV percorrer 100 km.
A associação teve em conta um carregamento rápido (PCR) de 30 minutos, para um consumo médio de 15 kWh, numa tarifa bi-horária (fora do vazio).
O preço por usar um PCR
Sabia que…
… a Prio nesta fase não vai cobrar a utilização dos seus postos rápidos? Se usar um PCR do OPC Prio terá de pagar apenas a tarifa da eletricidade e as taxas ao Estado.
Ao fim de meia hora a carregar, as tarifas estritamente por utilizar os OPC são de zero euros (em Coimbra, devido à estratégia da Prio de não fazer pagar o uso dos seus postos rápidos nesta fase inicial), 1,50 euros (na Segunda Circular), 1,59 euros (em Loures), 2,919 euros (em Aveiras), 3 euros (em Santarém) e 4,50 euros (em Leiria).
Isto, repita-se, são cifras exigidas apenas por usar o posto. O custo da energia vem a seguir.
O preço de consumir a eletricidade
Com exceção da Galp – que já fez saber qual é o tarifário elétrico que fornecerá -, ainda não se conhecem os preços da energia propostos pelos restantes CEME, designadamente a EDP e a Prio, os outros players de maior expressão neste mercado da mobilidade elétrica – julga-se que até ao final desta semana essa informação possa ser divulgada.
Atendendo a esta circunstância (de se conhecer, por enquanto, o preço da eletricidade de um único CEME, a Galp), a UVE usou em todas as suas simulações o tarifário da Galp para fazer os seus cálculos.
Se não for cliente de eletricidade em casa da Galp…
Nesse sentido, há dois tipos de contas: para quem não for cliente de eletricidade Casa Galp, a meia hora de carga implicaria um dispêndio de energia de 3,48 euros; se for um cliente Casa Galp a fatura da eletricidade por essa mesma meia-hora é de 2,78 euros (já que inclui um desconto de 20%, conforme as condições gerais do tarifário Galp Electric).
Deste modo, os valores médios totais apurados pela UVE para um carregamento rápido de trinta minutos, para alguém que não tenha na sua habitação um contrato de fornecimento elétrico com a Galp Energia (e considerando os preços pelo uso do posto e pela eletricidade), oscilam entre os 4,29 euros (Prio em Coimbra) e os 9,84 euros (Cepsa em Leiria), nos seis OPC analisados.
Este é o quadro elaborado pela UVE, a quem agradecemos, de novo, o consentimento para o republicarmos – a figura contém os valores a pagar para quem não é cliente Casa Galp de energia para quatro dos seis PCR estudados (Loures, Santarém, Aveiras e Coimbra).
… e se for cliente de eletricidade em casa da Galp
Para quem, até ao final do ano, contratar o fornecimento da energia em sua casa e, em simultâneo, contratualizar igualmente com a Galp o fornecimento da eletricidade para carregar nos PCR o seu EV, o desconto de 20% previsto faz com que os valores médios totais para um carregamento rápido de meia hora (e considerando a soma dos preços pelo uso do posto e pela eletricidade), desçam, variando entre os 3,44 euros (Prio em Coimbra) e os 8,97 euros (Cepsa em Leiria), nos seis OPC analisados.
Este é o quadro elaborado pela UVE:
Outro dado: para tentar cativar clientes, a Galp para os seus clientes domésticos que passem também a ser clientes seus na mobilidade elétrica (ou vice-versa), afirma oferecer a energia em qualquer ponto de carregamento da rede pública Mobi.e, até 30 de abril. Quem estiver nessa situação, só terá de pagar o uso do PCR ao OPC. A eletricidade será gratuita, durante seis meses (de 1 de novembro de 2018 até 30 de abril de 2019).
Como reagirão os restantes CEME a esta política de descontos é a curiosidade, sendo certo que a concorrência só tenderá, em princípio, a beneficar os consumidores.
Henrique Sanchez, presidente da UVE, chama a atenção dos condutores para a possibilidade real de “termos preços muito diferentes entre PCR, o que fará com que o consumidor possa optar pelas propostas que mais lhe forem convenientes. Podemos ter no mesmo passeio, dois postos do mesmo operador com tarifas diferentes”.
Quando aos valores do abastecimento elétrico nos PCR, Henrique Sanchez considera serem “aceitáveis”, na medida em que se tratam de carregamentos que, por norma, devem ser pontuais, na medida em que um utilizador comum de um veículo elétrico carrega o seu EV em casa, a preços substacialmente inferiores.
A utilização de um PCR deve ser vista como complementares e não como uma regra, é o entendimento da UVE.