As grandes metrópoles brasileiras têm das zonas com maior concentração populacional do mundo, mas apesar disso existem pessoas a viver em bairros de lata, rodeados por pobreza constante e com acesso limitado ao mercado de trabalho devido à falta de transportes públicos. Além do mais, serviços de táxi e companhias como a Uber ou Cabify recusam-se a entrar em áreas conhecidas como favelas, por motivos de segurança. Isso obrigou um grupo de moradores de uma favela a organizar-se e a criar a sua própria Uber.
A Ubra foi nomeada não só para ter um nome parecido com o da Uber, mas também por ser a abreviatura de União da Brasilândia. A Brasilândia é um bairro na zona metropolitana de São Paulo, com 280 mil habitantes a uma densidade populacional de mais de 12 mil habitantes por quilómetro quadrado. Apesar das tentativas de requalificação do bairro, o acesso aos transportes continua a ser bastante limitado, com um serviço de autocarros que operam a horas incertas e sempre com excesso de passageiros, e uma linha de metro que só vai chegar em 2021.
Antigo condutor para outros serviços de car sharing, Ademar da Silva resolveu fundar a Ubra para ajudar a população do bairro da Brasilândia, operando uma pequena frota de carros com a família e alguns amigos, todos residentes nesta zona. Embora tenha que trabalhar com preços inferiores aos de serviços como a Uber, Ademar admitiu que consegue ganhar mais dinheiro do que trabalhando para um serviço de car sharing, mesmo aceitando que o cliente pague pelo combustível e não pela viagem.
O serviço da Ubra usa um aplicativo de smartphone, mas ao contrário da Uber ou Cabify, não opera exclusivamente através dele, pois nem todos os seus potenciais clientes têm este meio de comunicação. Também é possível aceder ao serviço através enviando uma mensagem via WhatsApp ou por chamada telefónica, indicando o nome da pessoa, e dentro do carro o cliente pode fazer pagamentos em numerário, pois nem todos têm acesso a um cartão de crédito.
Ademar da Silva realizar à volta de 5000 viagens por mês, servindo como ponto de contacto entre a Brasilândia e o centro de São Paulo. O serviço oferece à população a oportunidade de fazer tarefas simples, como fazer compras ou ir a uma consulta médica. Agora, a família de Ademar pretende expandir o serviço da Ubra a outros bairros periféricos de São Paulo, podendo trabalhar com outros condutores locais, que assim têm a hipótese de trabalhar perto de casa. Assim, o serviço ajuda também a criar emprego nestas zonas. Também há planos para mudar de nome para Jaubra quando o aplicativo ficar mais conhecido, devido à semelhança de nome com a Uber.