“Indústria automóvel é pioneira da Realidade Aumentada”

30/05/2019

Eduardo Vieitas, CEO da NextReality acredita que a indústria automóvel é uma das grandes beneficiadas da Realidade Aumentada. Empresa lusitana está a desenvolver parcerias com centros de investigação e desenvolvimento e o responsável acredita que tecnologia revolucionará setor

Salas de reuniões sobre rodas, em modelos autónomos e programados para apanhar os participantes em locais específicos. Conteúdos projetados, em alta definição, no para-brisas. A indústria automóvel é uma das pioneiras na Realidade Aumentada. Um contexto onde se destaca a NextReality, empresa de sangue luso, pertencente ao grupo IT People Innovation, especialista no desenvolvimento de web, mobile e Realidade Aumentada, e com três escritórios em Portugal e um no Perú. O Motor 24 entrevistou Eduardo Vieitas, CEO da empresa que conta com 30 profissionais e que, há 10 anos, trabalha na criação de soluções de transformação digital das organizações. Numa carteira com 100 clientes, o mundo automóvel encontra-se na pole position desta nova realidade.

De que forma pode a Realidade Aumentada beneficiar a indústria automóvel?

Já está a beneficiar: a indústria automóvel é uma das pioneiras da Realidade Aumentada e hoje é fácil testemunharmos o impacto que a tecnologia tem em todos os processos de negócio da indústria. Desde processos de manutenção de equipamentos, mecânica automóvel até aos próprios veículos! Nós, na NextReality, acreditamos que a transformação dos automóveis será, em si, uma pequena revolução nos nossos hábitos de trabalho e de consumo. Está no nosso ADN liderarmos a investigação tecnológica que permite essas transformações digitais que são, na realidade, transformações sociais.

Produção, condução (para-brisas), segurança, manutenção, reparação: quais são as áreas mais desenvolvidas neste contexto? E qual o papel da NextReality nas mesmas? Descreva-me um pouco do trabalho realizado em cada uma destas áreas.

Temos muita experiência na criação de soluções que aceleram a manutenção de equipamentos, sobretudo com recurso aos Microsoft Hololens. No ano passado, realizámos vários projetos, tanto na Europa como na América do Sul. Por exemplo, na EDP Produção, vários técnicos especialistas podem guiar em tempo técnicos em barragens, com a ajuda de voz, vídeo e realidade aumentada. Estas intervenções são preparadas antecipadamente com recurso a hologramas e a dados recebidos do sistema. É, de facto, muito transformador nos processos das empresas, mas, neste caso, verificámos com satisfação que todos os participantes deste projeto aderiram muito rapidamente à tecnologia. Além desse caso de utilização, também já valorizámos processos de comunicação e marketing para diversas marcas, inclusivamente, marcas automóveis, e estamos, neste momento, na fase inicial de projetos de reparação e inspeção; tendo em conta o volume de aplicações possíveis e a vulgarização crescente destas aplicações, esperamos que o número de pedidos e projetos nesta área aumente.

O desenvolvimento deste tipo de soluções obriga a investimentos expressivos?

Os últimos anos trouxeram um volume de ferramentas tecnológicas suficientemente diversificadas para se enquadrarem em qualquer nível de investimento. Contudo, ao avançarmos com um processo de transformação digital, não podemos apenas analisar o investimento em tecnologia, mas igualmente na análise e adequação de processos de trabalho, na formação de novas competências na equipa, na garantia dos processos de manutenção de qualidade, de segurança e higiene, na recolha de novas evidências e todos os temas necessários ao sucesso contínuo da solução na empresa. Por isso mesmo, normalmente, temos relações continuadas no tempo com os nossos clientes – não apenas porque temos esta sede de inovação para partilhar, mas, igualmente, porque gostamos de acompanhar o crescimento dos processos implementados na organização, de acordo com a realidade de cada uma delas.

Quais as maiores dificuldades nestes processos?

Qualquer processo de mudança coloca desafios à confiança e ao conforto de cada um dos seus participantes. O papel da NextReality, enquanto facilitador está em aplicar metodologia que diminuam o risco e acelerem a adoção dos novos processos. Isto inclui uma proximidade muito grande junto de cada organização e, sobretudo, um CEO ou CTO com visão e compromisso com este novo mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo).

Com que fabricantes automóveis têm parcerias em projetos de realidade aumentada?

Estamos, neste momento, a trabalhar com centros de investigação e desenvolvimento na região de Palmela para acelerarmos vários processos de produção, montagem e reparação. Espero poder falar-vos um pouco mais disso no futuro, mas não posso avançar muito mais neste momento.

Como vê a NextReality o futuro dos veículos autónomos?

Será uma transformação tremenda. Muitos ainda não se apercebem, mas vai mudar totalmente a forma como utilizamos os veículos, e, por consequência, vai transformar os veículos em si. Sem estarmos concentrados na estrada, poderemos conversar mais, socializar, apreciar mais a vista – e em todos esses aspetos, a Realidade Aumentada será uma tecnologia muito presente, porque permitirá trazer tudo o que pretendermos para dentro do carro, sempre que o pretendermos. Imaginem salas de reunião sobre rodas, que apanham todos os participantes nos seus escritórios e planeiam um trajeto que os devolve à hora marcada – nessas salas de reunião, vidros do veículo que projetam conteúdos, em realidade aumentada, com os quais podemos interagir. A mudança é, de facto, muito grande e nós queremos ser os parceiros ideias para a melhor interpretarmos.

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