M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Como é que se recicla um porta-aviões de 30 mil toneladas? Transformando-o num recife artificial. Trata-se de justiça poética, já que, um ano depois de ser afundado, continua ativo na sua função original: proteger a costa dos Estados Unidos. O navio é o USS Oriskany, da Marinha de Guerra Americana, que esteve ao serviço durante 26 anos, participando em dois conflitos armados e contando como tripulante um futuro candidato à presidência dos Estados Unidos.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O Oriskany (nome de código CV-34) foi um dos poucos porta-aviões da classe Essex construídos depois da Segunda Guerra Mundial. A sua construção começou em 1944 nos Estaleiros Navais de Nova York, mas só foi colocado ao serviço a 25 de setembro de 1950. Mesmo assim, não demorou muito a receber um batismo de fogo, juntando-se ao teatro da Guerra da Coreia a 15 de setembro de 1952. Os pilotos dos seus 90 aviões tinham como missão eliminar linhas de abastecimento inimigas, mas também conseguiram abater dois MIG-15 durante o conflito.

De 1957 a 1959, o Oriskany, na altura já conhecido como Mighty-O (“O Poderoso O”), foi modernizado para poder continuar no ativo. Enquanto esperava por ação no Vietname, o porta-aviões sofreu um incêndio, em 1966, que vitimou 44 marinheiros. Regressou a este país asiático em 1967, e a 26 de outubro de 1967, uma missão foi entregue ao tenente-coronel John McCain, que foi abatido e permaneceu como prisioneiro de guerra até 1973. O nome parece-lhe familiar? Quando regressou à vida civil, McCain tornou-se político, foi eleito senador e em 2008 foi o candidato republicano à Casa Branca.

O Poderoso O permaneceu no Vietname até 30 de março de 1973, o último dia em que esteve em combate. Permaneceu ao serviço até 30 de setembro de 1976, quando passou para a reserva. Em 1982, foi descoberto que não valia a pena o custo de modernização, e em 1989 todas as peças essenciais foram retiradas e reaproveitadas. Um grupo de investidores japoneses chegaram a pensar em adquiri-lo para transformá-lo numa atração turística em Tóquio, mas o negócio não se concretizou.

Em 1998, foi aproveitado para rodar um filme com Robin Williams, “Para além do Horizonte”. Depois de anos sem função para o Estado, teve que se esperar até 2004 pela autorização para transformá-lo num recife artificial. Foi finalmente afundado a 17 de maio de 2006, e atualmente está a 40 km da costa de Pensacola, na Florida, onde é um dos 10 locais mais famosos do mundo para mergulhadores.

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