M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Elon Musk teve mais uma ideia e criou uma nova empresa, a Neuralink, com o objetivo de tornar comum a fusão entre o cérebro humano e o computador. Ligações neurais que permitem a um cérebro humano comunicar com uma máquina existem hoje em dia, mas em termos práticos estão limitadas a funções específicas, como implantes auriculares e retinais, mas Musk quer ir mais longe.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O objetivo da Neuralink é desenvolver aquilo a que chama “renda neural”, uma tecnologia que vai permitir a implantação de elétrodos no cérebro. Ainda não se sabem as consequências de uma fusão entre um cérebro e uma máquina, embora esse seja um tema recorrente na ficção científica, em que combinações de humanos com máquinas são chamados ciborgues (organismos cibernéticos).

Paul Teich, da Tirias Research, disse à TechNewsWorld que “o tipo de sensores e fontes de energia necessários para perceber como um cérebro humano poderia processar esta informação adicional ainda está na infância” e o seu colega Kevin Krewell acrescentou que “estamos longe de poder desenvolver uma ligação complexa bi-direcional entre um cérebro e um computador”.

Embora a Neuralink de Musk esteja direcionada para um interface cerebral com um computador, o conceito de ciborgue estende-se a qualquer peça mecânica que possa ser controlada por uma ordem humana. Em 2013, Max Ortiz e Rickard Braanemark, investigadores da Universidade Chalmers de Tecnologia, na Suécia, construíram um braço prostético que pode ser controlado pelo cérebro. No mesmo ano, um grupo de cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, conseguiram implantar elétrodos que deram sensibilidade a um braço artificial.

O termo “ciborgue” foi criado pelo inventor Manfred Clynes e pelo psiquiatra Nathan S. Kline em 1960, num artigo publicado numa edição da revista científica “Astronautics”. No entanto, o conceito existe antes disso, pois já em 1911 o escritor francês Jean de la Hire tinha criado o Nyctalope, personagem do livro “Le Mystère des XV”. Em 1944, Catherine “C. L.” Moore escreveu a história curta “No Woman Born”, em que o cérebro de uma bailarina foi transplantado para um corpo robótico. E em 1962 Edmond Hamilton usou o termo ciborgue numa história da série Captain Future, “After a Judgment Day”. Darth Vader, Robocop ou o Inspetor Gadget são exemplos famosos de ciborgues na cultura popular moderna.

A ideia de Musk é revolucionária, e o tipo de experiências poderá levar alguns anos até produzir resultados concretos. Se os testes forem realizados nos Estados Unidos, poderão embater em obstáculos como legislação federal ou mesmo face à ética médica. Mesmo passando essas barreiras, torna-se necessário definir que tipo de privacidade uma pessoa com o cérebro ligado a um computador poderia perder, já que este tipo de dados poderia abrir a porta a um hacker tomar conta de um cérebro ou mesmo do corpo de uma pessoa.