Até aqui, a tendência era para a constante redução dos mortos na estrada ao comando de motociclos. De 2006 a 2016, este número tinha descido de 120 para 43, isto apesar do número de veículos motorizados de duas rodas na estrada ter subido de 164.783 para 280.412.
Para José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, “uma das razões para se notar uma subida tão brutal entre dois anos consecutivos deriva do facto de que os números de acidentes com motociclos em 2016 terem sido, de muito longe, os mais baixos de sempre”. Outras condições também contribuíram para uma maior procura pelo uso da moto, que se deve “ao menor número de dias de chuva e fomento da utilização deste tipo de veículos, devido ao aumento de lugares para estacionamento gratuito, menores custos de transporte e menor tempo de viagem no trajeto entre casa e o trabalho”.
É mais que provável que estas características favoráveis aumentem ainda mais o número de motociclistas, pois apenas 2,9% dos portugueses usa a moto como meio de transporte preferido, contra 9,1% dos espanhóis, 7,4% dos franceses, 8,2% dos italianos e 11,7% dos gregos.
Para prevenir mais acidentes, Trigoso avisa que é preciso reformular a formação de novos motociclistas, pois “não existe nenhuma exigência no exame, de forma a que a formação contemple a correta posição de condução para cada tipo de motociclo, a forma correta de se posicionar na via para curvar, a forma correta de curvar e, principalmente, a forma correta de utilizar o sistema de travagem. Ninguém aprende a curvar nem a travar, em qualquer tipo de situação de emergência”.
A PRP recomenda o incentivo à utilização de equipamentos de segurança por parte do condutor, como luvas, blusão, dorsais ou equipamentos com sistemas de airbags, bem como a utilização no veículo de sistemos ativos de segurança, incluindo controlo de tração e repartidor de travagem. A PRP também reclama que a infraestrutura deve utilizar materiais adequados para as marcas rodoviárias no pavimento, nomeadamente passadeiras e linhas contínuas, de forma a evitar a perda de aderência com chuva, e balizas de sinalização flexíveis em vez de pilaretes rígidos junto das faixas de rodagem).