Tudo muda, menos o jornalismo automóvel

05/03/2021

Li agora um estudo da Marktest em que o Motor24 lidera by far o segmento da informação automóvel digital. É assim desde o primeiro mês deste projeto que eu ajudei a lançar com o Pedro Junceiro e a Patrícia Pereira a convite do José Carlos Lourenço em Novembro de 2016 e ao qual me mantenho ligado profissionalmente (ajudo a organizar os prémios da mobilidade inteligente), mas sobretudo afectivamente, mais não fosse por lá estarem os meus amigos Jorge Flores, Pedro Junceiro e Fernando Marques, uma tripla maravilha que mantém o Motor24 a carburar (agora diz-se ligado à corrente) e a liderar by far o digital.

Na essência, o que o Motor24 fez e continua a fazer é democratizar e tornar acessível a “leigos” a informação e o conhecimento sobre os temas da mobilidade, em que os automóveis são uma componente, não o todo.

É informação especializada para um público generalista e não apenas para os leitores “especializados” que por definição são menos do que todos aqueles que se interessam por automóveis e temas da mobilidade. Cerca de um quarto dos leitores do Motor24 são mulheres, facto inédito na informação automóvel que é tradicionalmente coisa de pilinhas para pilinhas.

O panorama da informação automóvel, com o digital, foi-se renovando e refrescando, mesmo com as contingências das “vagas de crise” que a tem assolado.
Apareceram novas revistas, novos sites, youtubers, mas na verdade não acho que tenha havido grande renovação na linguagem e nos formatos, apenas nos suportes e no marketing e promoção que cada um faz dos seus projetos, que faz a diferença entre o sucesso ou o insucesso, quer nas audiência, quer nas boas graças das marcas, quer depois nas continhas ao fim do mês.

Ler um texto de um site sobre automóveis hoje em 2021 não é muito diferente do que ler um texto da AutoHoje, ou do Volante em 2001. Os títulos são os mesmos, a abordagem (ficha técnica comentada) idêntica, a linguagem a puxar para o tecnocrata de especialista, com umas graçolas pelo meio, continua com as mesmas bengalinhas que todos usamos há 20 anos (“Pais de família apressados” continua a ser título usado para carrinhas desportivas, pasme-se, mesmo quando já não há carrinhas desportivas)

Pode haver mais drones, menos drones, mais paixão, menos paíxão, mais irreverência, menos irreverência, mas na verdade nada mudou de substancial na forma como se faz jornalismo automóvel em Portugal há 20 anos (que foi mais ou menos quando comecei).
Ler hoje qualquer teste a um automóvel é, salvo raras e honrosas excepções, um longo bocejo. É por isso que como leitor hoje prefiro ler os conteúdos diversificados e focados nas necessidades práticas das pessoas do Motor24.

E pelos vistos não sou só eu, são a maioria dos utilizadores de internet em Portugal.
Para me divertir e ficar a saber mais sobre qualquer carro que para aí ande, tenho sempre a “Car Magazine”, como o faço religiosamente há 20 anos, para me “inspirar”.