Piloto de eleição, engenheiro mecânico de formação académica, curso que tirou em Inglaterra, onde viveu, nutria incrível paixão pelo automóvel.
Por via familiar – seu pai, João Gaspar, fora representante da Ferrari e importara duas unidades utilizadas por Vasco Sameiro e Casimiro de Oliveira no início da década de 1950 — crescera no mundo dos automóveis, ao qual esteve ligado desde sempre,
Tornou-se figura grada do automobilismo e granjeou notoriedade internacional na defesa das cores do Team BIP na metade inicial dos anos 70 do século passado.
Carlos Gaspar foi o mentor da estrutura que deu corpo à primeira equipa portuguesa verdadeiramente profissional. Com mestria e sem vacilar, soube envolver a paixão pelas corridas em saber, competência e exigência, qualidades que justificaram o êxito da equipa e de um projeto de nível internacional, que ruiu em abril de 1974.
No ano anterior, ao volante do Lola T292, Carlos Gaspar rubricara exibição tão memorável, quanto histórica, ao vencer no antigo circuito de Vila Real, onde já alinhara, anos antes, nomeadamente ao volante de um Ford GT40, tendo rubricado outras atuações de relevo com o Alfa Romeo GTA.Como espetador, presenciei, no verão de 1973, à empolgante recuperação que culminou com o renhido duelo travado com David Walkwer (GRD), ao tempo piloto de Fórmula 1. Um despique arrebatador, durante o qual Carlos Gaspar estabeleceu o recorde do velho traçado: 2.19.12 minutos, na 18.ª volta, à impressionante média de 178,173 km/h.
Cativante contador de episódios e de estórias do mundo das competições, Carlos Gaspar revelou, em tertúlia de além Marão, que em duas partes do traçado transmontano, rodeado de muros e com duas passagens de nível, o Lola T292 atingiu os 278 km/hora!
Retirado das competições Carlos Gaspar manteve sempre o automobilismo sob um olhar atento, apaixonado, perspicaz e sereno. Assinou colaboração em programas de rádio e foi colunista na imprensa escrita.
O automóvel, a mecânica, as corridas eram parte integrante de uma vida recheada de belas memórias e proezas, agora recordadas por muitos que tiveram o privilégio de conhecer Carlos Gaspar, um perfeccionista em toda a dimensão.
